O atirador Rodrigo Bastos ostenta a conquista de uma medalha de prata no Pan-Americano de Santo Domingo, em 2003, e a participação em duas olimpíadas (Seul 88 e Atenas 04). Apaixonado pela modalidade em que é mestre, ele não limita seu gosto pelas armas ao esporte. "Quem tem arma é porque gosta, como um automóvel", diz.

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A paixão por artefatos como a Beretta especialmente desenhada para ele, que usou em Atenas, não é o único motivo pelo qual seu voto é contrário à proibição do comércio de armas de fogo e munições no Brasil. Dentista dos mais conceituados em Guarapuava (região central do Paraná), Bastos vê apenas intenções políticas para iniciativas como a Campanha do Desarmamento. Ele não acha que o resultado do referendo do dia 23 vá mudar algo na realidade brasileira. Em casa, tem uma pistola para proteger a família e mais quatro espingardas, que usa no tiro esportivo. "Se estou na minha casa e alguém tenta invadir, não posso dizer 'por favor senhor ladrão, não entre'."

Gazeta do Povo – Por que o senhor é contra a proibição da venda de armas?

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Rodrigo Bastos – Está provado que no nosso país o direito de defesa ocorre de uma forma errada. Não é que eu queira andar na rua com uma arma na mão dando tiro. Mas a possibilidade de eu ter arma em casa já é suficiente para deixar um ladrão com medo de invadir minha residência ou estabelecimento. Se a pergunta (do referendo) fosse sobre a proibição do uso indevido, eu votaria a favor. Mas proibir a comercialização é tratar todo mundo como criminoso, e aí eu sou contra. Sem falar no número de empregos que serão perdidos de um dia para o outro com essa proibição.

- O que o senhor achou da campanha do desarmamento feita pelos governos estadual e federal (que incentivava as pessoas a entregarem suas armas voluntariamente à polícia)?

Achei uma iniciativa errada. Essa questão do desarmamento virou caso político, pegaram isso como bandeira. Agora os políticos viram que a população está se revoltando contra o desarmamento e estão caindo na realidade. Na minha opinião, o referendo vai mostrar que a população entendeu que tem direito de defender-se contra bandidos muito bem armados. Essa campanha só desarmou pessoas de bem.

- O senhor anda armado?

Não ando armado nunca e sou totalmente contra quem faz isso.

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- O senhor tem arma em casa fora as de competição? Sente-se mais seguro com isso?

Claro que me sinto mais seguro com a arma em casa. Eu a guardo num lugar adequado, trancada em armário fechado e informo para os meus filhos que é proibido mexer. Quem deixa revólver carregado em cima do armário é irresponsável. Quando ocorre uma tragédia com criança que pega arma, a culpa não é da arma.

- Já houve alguma situação em que essa arma teve de ser usada na sua casa?

Nunca tive, nunca precisei, graças a Deus. Mas se precisar, vou dar um tiro para cima. Sabendo que tem alguém entrando na minha casa, não posso pedir 'por favor senhor ladrão, não entre na minha casa'."

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