A organização dos cursos de pós-graduação por meio de módulos tem atraído muitos alunos, que procuram liberdade de escolha, flexibilidade financeira e de horários. Apesar das vantagens desse sistema, algumas instituições ainda preferem o modelo tradicional. Cabe ao aluno escolher qual é a melhor opção para si mesmo.

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A FAE Business School, de Curitiba, é uma das pioneiras na implantação do chamado "curso modular". Inspirado no modelo americano de "quarter", o curso modular funciona de uma maneira diferente do curso tradicional. Para o diretor acadêmico e professor da FAE, Luis Roberto Antonik, há uma série de vantagens dos cursos modulares em relação aos tradicionais. "No sistema tradicional as disciplinas são anuais ou semestrais. Se você reprova em uma matéria, vai ter que cursá-la de novo no ano que vem. No curso modular não. Se você reprova em uma matéria, pode fazê-la no próximo bimestre", exemplifica.

Nos cursos modulares os estudantes são obrigados a fazer determinadas matérias mas são livres para escolher quaisquer outras. Dessa forma, o próprio aluno cria sua grade curricular e estuda o que acha mais conveniente. Também é possível começar a estudar quando bem entender. Pelo fato de serem bimestrais, os alunos podem iniciar os cursos de março a setembro e ainda escolhem dia e horário que preferem fazer as matérias. "Digamos que o estudante queira fazer um curso de dois meses na Alemanha no meio do ano. No modelo tradicional ele perderia o ano inteiro, mas no modular ele não perde nada. É só retomar os estudos no próximo bimestre", explica o professor.

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O diretor das Faculdades Spei, Osni Camargo de Carvalho, considera que os dois modelos são válidos, no entanto, há vantagens e desvantagens em cada um. Para ele, a especialização implica obrigatoriamente em pré-requisitos, construção de uma seqüência e relações entre todas as disciplinas para que se alcance o aprofundamento desejado. "Esse objetivo pode ficar prejudicado quando o aluno tem a opção de construir a sua própria grade de disciplinas ou módulos que deseja fazer", acredita.

Carvalho diz que nos cursos modulares as turmas são compostas por profissionais com formações diferentes e isso as tornam muito heterogêneas. Dessa maneira o professor tem dificuldade em nivelar o conhecimento dos alunos. "Imagine que uma pessoa quer fazer uma especialização em Marketing. Ela deve fazer umas quatro disciplinas desse assunto e outras nove ela pode escolher livremente. Só que as disciplinas de Marketing também estão abertas para outros alunos, assim pode entrar alguém que não conhece nada sobre isso, como um pedagogo, por exemplo. Isso cria uma dificuldade", opina o diretor.

Para quem quer uma especialização aprofundada, que não seja um resumo da graduação, Carvalho acha que a melhor maneira é estudar um "pacote" pronto de matérias. "Disciplinas amarradas fazem parte de um projeto pedagógico", justifica. O diretor da Spei acha que os cursos modulares são bons para quem quer fazer uma pós genérica – na forma de educação continuada – e também tem interesse em aumentar sua rede de contatos. Carvalho vê com bons olhos a flexibilização proporcionada pelos modulares, mas acredita que deveria haver uma maior preocupação com os pré-requisitos das matérias.

Fórum

Instigados a participar do debate e opinar se os cursos modulares são bons ou não, os leitores do TudoParaná compartilharam suas convicções no fórum deste Guia de Pós-Graduação. "Eu acho o sistema modular uma maravilha. Já fiz uma pós assim e pude fazer justamente as disciplinas que precisava, as quais iria poder aplicar os conhecimentos com maior efetividade no meu trabalho", diz Aline Soares. Neudo Pessoa, por sua vez, acha que "mais do que uma boa opção é uma evolução no sistema, tendo em vista que a necessidade dos profissionais que buscam os cursos de pós-graduação para complementação de aprendizado e ou atualização de conhecimentos varia conforme cada caso".

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O assessor de pequeno comércio, Emílio Hulyk, acha que as vantagens superam as desvantagens dos cursos modulares. Formado em Administração de Empresas, Hulyk fez uma especialização em Finanças na FAE. "Depois de fazer um curso completo, você pode se matricular em apenas uma única matéria se quiser", diz. Dessa maneira não é necessário fazer um curso inteiro de novo e o profissional vai se atualizando, se adaptando às mudanças do mercado e se moldando às necessidades. "Se você se matricula numa matéria e não gosta dela depois, pode trancá-la e fazer outra", conta Hulyk.

Caroline Guimarães, formada em Design, pesquisou sobre os dois modelos antes de fazer um curso de especialização em Marketing e decidiu estudar pelo método tradicional. "Percebi que no modelo tradicional havia um maior envolvimento com a turma e que as discussões ficam mais profundas, os assuntos não acabam. Conversando depois com pessoas que fizeram o curso modular, comprovei isso", explica. O convívio com os colegas de aula também facilita na hora de fazer os trabalhos acadêmicos, na opinião de Guimarães. Ela acha ainda que escolher as matérias que vão compor a própria grade curricular não é a melhor maneira de estudar, pois há o risco do curso não ficar completo. "Acho que quem formulou o curso sabe o que é melhor para o profissional", diz. A designer também diz que vale mais a pena ter um horário fixo de aulas ao invés da flexibilidade dos modulares.