Curitiba A exemplo do que foi registrado na maioria dos estados brasileiros desde o início da campanha do referendo sobre o comércio de armas, no Paraná houve aumento da procura por armamentos. Além de lojas lotadas, os números de registros na Superintendência da Polícia Federal no Paraná crescem a cada mês desde julho, quando foi aprovada a convocação do referendo .
Segundo o Sistema Nacional de Armas (Sinarm) da Polícia Federal, os registros no Paraná passaram de 1.438 em agosto para 1602 em setembro, aumento de 11%. No mês anterior o aumento foi de 43%, já que em julho foram registradas 1002 armas no estado. Em junho, antes da polêmica do desarmamento, os registros no estado foram apenas 387. Os números do Sinarm contabilizam os registros feitos para civis, policiais e militares.
No comércio, a corrida foi mais intensa na Casa das Munições, loja que vende armamentos há 18 anos. "Estou numa situação desesperadora, sem estoque, e as fábricas não têm como entregar mais mercadoria", conta o comerciante Cássio Oliveira, que registrou um aumento nas vendas nesse último mês de 200%. Outro ponto que chamou a atenção de Cássio foi o perfil dos compradores. "A grande maioria é de pessoas que moram em chácaras. Mas recebi também comerciantes e até recém-casados. As pessoas estão com a sensação de que o estado não vai protegê-las", conclui.
Na Pau de Fogo, loja que também vende artigos esportivos, o movimento triplicou com a proximidade do referendo. "A procura foi tanto por armas, com a maioria de clientes policiais, como de munições, com maior parte de clientes civis", diz Izabel Maria Trigo, diretora do estabelecimento. O proprietário da Bonnanza Armas e Munições, Valcir Aléssio Provenzi, registrou um aumento de 20% nas vendas."A grande parte foi de munições. Desde o Estatuto a venda de armas caiu muito, pois a burocracia agora é muito grande", avalia. Valcir ressaltou que a maioria dos seus clientes é de policiais.
O presidente da Associação Nacional dos Proprietários e Comerciantes de Armas (ANPCA), Antônio Alves, avalia que este aumento na procura por armas é relativo. "O aumento parece grande pois no ano passado as vendas praticamente pararam. O crescimento registrado por essas lojas no Paraná refere-se a meses deste ano, e não em relação ao mercado de antes do Estatuto do Desarmanento".
Cursos
A procura por armas refletiu também em Clubes de Tiro. No Orion, ligado à Federação Paranaense de Tiro Prático, o movimento cresceu 40% no último mês. "O aumento significativo foi no número de cursos básicos e testes psicológicos, que são necessários para o registro de armas", diz Guilherme Scotti, diretor do Clube. O perfil dos novos alunos também mudou. O que mais chamou a atenção de Guilherme foi um casal que nunca tinha pensado em ter armas. "Eles compraram duas, uma para cada, e vieram aprender a atirar", completa o diretor.
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