As três distribuidoras de gás natural da Região Sul tentam hoje convencer a Petrobrás a rever o reajuste no preço do combustível. Uma reportagem da Gazeta do Povo mostra que elas entram na mesa de discussões num momento em que a estatal demonstra pouca disposição para voltar atrás. Uma das razões seria que a estatal não quer mais estimular o consumo desse combustível por veículos, residências e até mesmo indústrias, canalizando-o para termelétricas.
Na avaliação do presidente da Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás), Romero Oliveira, a estatal sofre uma pressão real de custos e reorganizou suas estratégias para o setor de gás.
O presidente da Abegás lembra que a Petrobrás havia anunciado em julho um aumento de 27% para o gás de origem boliviana, mas voltou atrás após protestos das distribuidoras. "Nosso pleito era dividir o reajuste em até cinco vezes. A Petrobrás negociou e chegou à fórmula apresentada na semana passada", afirma Oliveira. "Acho que o momento de conversar sobre o aumento já passou e ele não deve ser revisto."
A forma de reajuste apresentada na semana passada pela Petrobrás é mais branda do que a primeira. O repasse será feito em duas vezes: 13% em setembro e 10% em novembro. No início de 2006 pode haver um residual para ser incorporado ao preço. "O contrato com a Bolívia mexeu duas vezes no preço", diz o especialista no setor petrolífero Alberto José Fossa, da consultoria MDJ. "Os valores são lastreados pelo petróleo e, além disso, houve um aumento nos royalties pagos ao governo boliviano", destaca.
A Petrobras precisou rever suas projeções porque a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) passou a exigir que todas as termoelétricas tenham fornecimento garantido. Esta questão virou prioridade e a Petrobrás aumentou de 27 milhões para 46 milhões de metros cúbicos por dia a previsão de consumo de gás pelas térmicas em 2010.
O cumprimento desta meta depende de maiores investimentos na área, incluindo a prospecção de gás em Santos, onde está a maior reserva brasileira. A empresa também decidiu que deixará de estimular o uso do combustível por veículos, indústrias e residências. O mercado vinha crescendo 20% ao ano e a Petrobrás pretende evitar que a demanda continue a evoluir neste ritmo para que ela não ultrapasse o fornecimento.
Leia a reportagem completa na Gazeta do Povo
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