Mesmo estando tão distante de nós que a diferença de fuso horário passa de 12 horas, são grandes as chances de conhecer alguém que já tenha ido, no mínimo, fazer um intercâmbio na Austrália ou na Nova Zelândia. Os países, que só conquistaram a independência da Inglaterra no começo do século 20, oferecem qualidade de vida e facilidades para imigrantes do mundo todo — e os brasileiros sabem aproveitar as oportunidades.
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As opções de visto de trabalho mais procuradas por brasileiros para ambos são as que oferecem a oportunidade de mesclar trabalho e estudo, explica o franqueado da assessoria Globalvisa no Rio de Janeiro, Márcio Azevedo. Essa opção permite que o imigrante trabalhe em regime de meio período enquanto faz um curso de inglês ou algum outro tipo de formação.
No caso australiano, esse é o visto de estudante na subclasse 500, que pode incluir dependentes como cônjuge ou filhos. “Os pedidos para esse visto aqui na agência triplicaram nos últimos 12 meses. A situação econômica reflete muito no nosso mercado”, afirma Azevedo. A descrença na melhora das condições no Brasil somada a reservas financeiras paradas acaba virando a fórmula para buscar uma vida no exterior.
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Fazer a vida na Austrália
É o caso de Ágatha Trezub Déa, que vive na terra dos cangurus há dois anos e meio. Após a graduação em Jornalismo, em 2010, resolveu abrir mão dos trabalhos como freelancer e de sua posição em uma loja de produtos fitness para mudar de vida. “Não estava feliz naquele momento e precisava dar uma reviravolta”, conta. Fez as malas e, desde que desembarcou na cidade de Gold Coast, na costa leste australiana, começou a trabalhar e procurar uma forma de permanecer no país por tempo indefinido.
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“Eu vim com o objetivo de ficar mesmo, o máximo que eu pudesse - talvez para sempre - e esse objetivo vem se concretizando cada vez mais. É um país que tem muita oportunidade e as portas ainda estão abertas para os imigrantes, então a gente tem que aproveitar isso”, pondera. O trabalho como faxineira a sustentou enquanto melhorava o inglês e se capacitava para trabalhar com gastronomia. De lavadora de louças em um restaurante, chegou a chef do café da manhã de uma rede de quiosques presente em todo o país.
Hoje, é feliz por ter deixado o jornalismo para trás e não ter se deixado abater pelas dificuldades de começar a vida do zero em outro país. “Minha trajetória é meio louca, mas sou feliz com as minhas escolhas”, garante. Agora, o desafio é conseguir a autorização de residência permanente. “Ainda é um caminho longo, mas estou colhendo os frutos desse começo difícil aos pouquinhos”.
Mudanças no visto 457
A profissão de chef é uma das que está listada como requisitadas pelo governo, o que dá a chance de conseguir o visto de trabalho temporário qualificado - a subclasse 457, o mais comum no caso de contratações de carga horária integral. A lista é atualizada constantemente, à medida que as necessidades do país são preenchidas, por isso é preciso ficar atento e ter em mente que o investimento em treinamento para um cargo específico pode se perder caso a situação mude.
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A partir de março de 2018, esse visto será abolido e substituído pelo visto de escassez temporária de habilidades (Temporary Skill Shortage), mais restritivo para tentar frear o fluxo de imigrantes no país. Mais informações sobre a mudança estão disponíveis no site da embaixada da Austrália no Brasil: brazil.embassy.gov.au.
Recém-contratado por uma companhia australiana depois de concluir seu MBA nos Estados Unidos, Geraldo Franco Gimenez embarca para Sidney nos próximos dias com o visto 457 e foi diretamente afetado pelas alterações. “Estou em uma situação intermediária: meu visto vale por dois anos e não sei se haverá possibilidade de continuar no país, porém a empresa já sinalizou que em caso de problemas eu poderia ser realocado”, explica.
Apesar das surpresas, garante que o processo foi simples, já que foi auxiliado por um agente de imigração por parte do contratante. “A empresa tem um departamento de mobilidade global que cuida dos funcionários estrangeiros, o que é bastante comum na Austrália”, diz Gimenez. No caso desse tipo de visto, o empregador vai dar entrada e patrocinar o processo de visto, que é diretamente ligado ao emprego. Como no caso de outros países, a empresa precisa provar a necessidade de contratar um estrangeiro ao invés de um cidadão local e demonstrar que não tem pendências legais.
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Reforma no sistema de vistos
Existem ainda outros tipos de visto específicos para aqueles que vão ao país realizar atividades como treinamentos profissionais e estágios. Porém, segundo um recente comunicado à imprensa do governo, todo o sistema está prestes a mudar “para simplificar e melhor alinhar-se a prioridades sociais e econômicas de longo prazo”. Com previsões de aumento no fluxo de turistas e imigrantes, as autoridades estão tomando providências para adoção de novas práticas.
Segundo Márcio Azevedo, a partir do próximo ano cada vez mais exigências podem ser implementadas, como o nível mínimo de inglês exigido, por exemplo. “A competição está muito mais elevada do que dez anos atrás, o cenário é completamente diferente”, aponta.
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“O sistema de vistos da Austrália nos serviu bem, mas precisa ser modernizado para ir de encontro às necessidades futuras do aumento do volume de viajantes e riscos complexos na fronteira”, diz o comunicado do Ministério de Imigração e Proteção de Fronteiras australiano. Ou seja: é bom aproveitar enquanto há tempo.
Intercâmbio de trabalho como porta de entrada para a Nova Zelândia
Já na Nova Zelândia, além dos vistos de trabalho e estudo, o brasileiros têm a opção do Working Holiday Visa. Esta modalidade dá direito de residência e trabalho por até um ano, com algumas condições: não é possível aceitar legalmente um trabalho permanente, trabalhar para o mesmo empregador por mais de três meses ou levar filhos ou parceiros com vistos subordinados. É permitido estudar ou fazer treinamentos por, no máximo, seis meses no total. “São apenas 300 vagas e elas evaporam”, adverte Azevedo. O processo de candidatura para este visto abrirá no próximo dia 22, às 10h do fuso horário NZST - ou seja, dia 21, às 19h no horário de Brasília.
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Ainda que possa parecer provisória demais para quem quer começar de novo em outro país, o Working Holiday Visa pode ser uma porta de entrada, como no caso de Larissa Dias, que largou a faculdade de direito em 2012 para atravessar o mundo. Atualmente, ela trabalha como executiva de recursos humanos em uma multinacional, mas há mais de cinco anos, quando chegou em Auckland, conseguiu um emprego justamente no café que ficava dentro da companhia.
O caminho foi longo e envolver muito trabalho e estudo, incluindo cursos de gerenciamento de negócios para conseguir as extensões do visto original. “Eu trabalhei lá por três anos e, no dia em que me demiti, recebi três propostas de emprego para trabalhar no escritório”. Junto à papelada de contratações e recrutamento, ela também é responsável, com a experiência de ter passado “por todos os processos possíveis”, por questões relacionadas a trabalhadores migrantes.
Com a vida montada, hábitos diferentes e em busca da residência permanente, que espera que seja autorizada em 2018, não cogita voltar a morar no Brasil - pelo menos em um futuro próximo. “Eu não gosto da distância da família e dos amigos, mas não tem nada nesse país de que eu não goste. A minha vida já é aqui”, afirma. “É muito estranho, mas qualquer migrante pode falar isso: a gente não se vê mais morando no país de origem, mas não se vê morrendo aqui”.
Quem quiser tentar a vida na Nova Zelândia pode encontrar informações sobre os diversos tipos de visto, incluindo os de trabalho e estudo e o Working Holiday Visa, no site do departamento de imigração: www.immigration.govt.nz