A boa disposição do investidor estrangeiro para investir no Brasil anima o mercado financeiro nesta sexta-feira, mesmo em meio à crise política. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou a manhã em alta de 1,04%, com o Índice Bovespa em 29.674 pontos. Mantido esse ritmo, a bolsa paulista terá novo pico no ano, batendo o recorde histórico de 7 de março (29.455 pontos).

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O volume financeiro na Bovespa às 13 horas totalizava R$ 922,8 milhões, bem acima da média para este horário. Ele revela a forte presença do investidor estrangeiro, que em agosto e no início de setembro esteve ausente. O risco-país brasileiro tinha 365 pontos centesimais no final da manhã, seu menor patamar desde outubro de 1997.

Mais discreto, o dólar à vista fechou a manhã estável, cotado a R$ 2,294 na compra e R$ 2,296 na venda. A volta da moeda americana ao patamar inferior ao piso psicológico dos R$ 2,30 aumentou a cautela do investidor. Isso porque o Banco Central fez uma compra de dólares em agosto, justamente quando a cotação caiu abaixo desse patamar.

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A inédita emissão soberana de títulos em reais, anunciada na quinta-feira, é o símbolo do bom humor do mercado. Calcula-se que a operação ficará em US$ 750 milhões, com a colocação de títulos de 10 anos. Mas não é só o governo o destaque na captação de recursos no mercado externo.

Nesta semana, três empresas captaram US$ 1,3 bilhão em bônus perpétuos. A maior das operações foi da Gerdau, que concluiu na quinta-feira a emissão de US$ 600 milhões em títulos dessa natureza, com US$ 3,5 bilhões de demanda.

- Não é apenas a emissão em reais feita pelo Tesouro que está animando o mercado, mas sim o que ela representa. Ela mostra que é grande a disposição do estrangeiro em relação aos ativos brasileiros - afirma Sussumu Assai, da corretora Itaú.

Segundo o analista, a crise política afeta bem mais o investidor doméstico que o estrangeiro. Este estaria mais atento a questões como o risco-país, a liquidez, o superávit primário e a inflação do país. E todos esses aspectos se mostram positivos. O risco-país está próximo de sua mínima histórica, de 337 pontos centesimais.

As ações do setor siderúrgico são novamente o destaque na Bovespa, embaladas pela expectativa de aquecimento econômico interno e externo. Nesse setor, os destaques são Gerdau ON (+3,61%) e Usiminas PNA (+3,43%). Entre as 57 ações que fazem parte do Índice Bovespa, as maiores altas são de Contax ON (+4,13%) e Usiminas PNA (+3,70%).

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A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de reduzir a taxa Selic em 0,25 ponto percentual foi considerada conservadora e já era esperada. Ainda assim, foi bem recebida no mercado de ações, devido ao início de um período de flexibilização monetária.

No mercado de câmbio, a baixa do dólar não é maior devido à cautela com a possibilidade de o Banco Central voltar a comprar recursos. A queda é gerada pela estimativa de que o fluxo de recursos para o Brasil tende a ficar positivo nos próximos meses, puxado pelas exportações e captações externas.