Em 2006, o Brasil conquistou a 15ª posição no ranking dos países com maior produção de conhecimentos científicos do mundo, ganhando duas colocações em comparação com 2005. No topo do ranking estão os Estados Unidos, responsáveis por 32,3% da produção científica mundial, e a Alemanha, com 8,1%. A informação consta no ranking dos 30 países com maior número de artigos científicos publicados em revistas conceituadas no exterior que foi divulgado durante a 59ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Belém do Pará.
Para o presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes/MEC), Jorge Guimarães, esse avanço estava previsto para ocorrer somente após 2008. Dados internacionais mostram que os pesquisadores brasileiros publicaram 16.872 artigos nas mais importantes revistas científicas do mundo, quatro vezes menos do que os alemães, que publicam 8,1% do total mundial. O Brasil ultrapassou Suécia e Suíça. "Mas para assegurar sua posição ou para subir no ranking, o país precisará manter e até mesmo ampliar seu desempenho atual", acredita.
De acordo com o estudo, as áreas que mais cresceram no país, na comparação dos triênios 2001-2003 e 2004-2006, foram psicologia e psiquiatria (70%); produção animal e vegetal (58%); ciências sociais (52%); medicina (47%); farmacologia (46%); ciência agronômica (46%); imunologia (44%); computação (44%); ecologia e meio ambiente (40%). Em 2006, na comparação com 2005, as áreas que mais cresceram foram as de imunologia (23%); medicina (17%); produção animal e vegetal (13%); economia (12%); ecologia e meio ambiente (12%) e engenharias (11%).
Doutores
Os avanços da pós-graduação também foram abordados no evento. Dados mostram que o Brasil forma hoje cerca de 10 mil doutores por ano e que a expectativa é de que esse número chegue a 16 mil em 2011. O total de cursos de pós-graduação oferecidos em diferentes áreas do conhecimento é de 3.632, sendo 2.393 de mestrado e 1.239 de doutorado, com o ingresso de 50 mil alunos novos por ano. O número de cursos novos cresce 7% em média, ao ano.
Sul e Sudeste
Com a retomada do Plano Nacional de Pós-Graduação, em 2004, a Capes fez um diagnóstico da situação da área. Um dos problemas verificados é a assimetria regional. A maior parte dos cursos está nas regiões Sudeste e Sul: são 72% dos mestrados e 80% dos doutorados nestas regiões, enquanto na Região Norte os percentuais chegam a 4% de mestrados e 2% de doutorados. De acordo com o presidente da Capes, já foram tomadas algumas iniciativas para reverter essa questão, como a indução da formação de consórcios entre instituições de regiões diferentes.
O estudo mostra que a pós-graduação brasileira avança também para o exterior, com a realização, pelo Capes, de cursos de mestrado e doutorado em outros países, como África, Argentina, Estados Unidos e França, oferecidos por instituições brasileiras sozinhas ou em parceria com instituições estrangeiras. De acordo com Jorge Guimarães, quanto ao mestrado temos um em Saúde Pública em Angola, oferecido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e três mestrados nas áreas das engenharias em Cabo Verde, promovidos pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Está também em fase de aprovação um doutorado em Biologia Molecular de Plantas, desenvolvido em parceria entre a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz ESALQ/USP, e duas instituições norte-americanas: as universidades de Ohio e Rutgers.
O aumento do número de doutores também foi defendido no evento por representantes do governo e autoridades da comunidade científica. O presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior do Ministério da Educação (Capes/MEC), Jorge Guimarães, representante do ministro Fernando Haddad na abertura do evento, disse que é importante que os governos dos estados da Região Norte incluam em suas pautas o investimento em ciência e tecnologia.
Para Guimarães, o programa da Capes "Acelera Amazônia", iniciado em 2006, é um exemplo de parceria e encontrou suporte nos dois estados. O programa financia a formação de recursos humanos de alta qualificação para a Região Amazônica. Guimarães acredita que deverá haver um esforço conjunto ainda maior para formar mais doutores e mestres na Região. Nos últimos três anos, todos os estados da Região Norte conseguiram criar cursos de pós-graduação de qualidade.Novo desafio da Capes é educação básica
Outro assunto destacado por Guimarães foi o novo desafio que a Capes terá a partir deste ano, que é o de atuar na educação básica, uma das prioridades do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE).
A 59ª SBPC prossegue até a próxima sexta-feira (13), com exposições, conferências, simpósios, mini-cursos, mesas-redondas, e encontros abertos. São esperados cerca de 15 mil partipantes, entre estudantes, pesquisadores, professores, e cientistas.