Não há dúvidas de que o inglês é extremamente importante para quem quer ampliar seus horizontes profissionais. Em um mundo cada vez mais globalizado, a maioria das grandes organizações busca candidatos que dominem a língua. Mas uma pesquisa recente da empresa de educação internacional EF mostrou que o Brasil ainda possui um nível pequeno de proficiência no idioma.
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O EF-EPI deste ano classificou as notas obtidas nos 72 países avaliados em muito alto, alto, moderado, baixo e muito baixo. Segundo o estudo, o Brasil tem um índice de 50,66, considerado baixo, e ocupa a 40°posição da lista mundial.
O primeiro lugar ficou com a Holanda, que obteve uma pontuação de 72,16, vista como muito alta. Na sequência aparecem Dinamarca (71,15), Suécia (70,81), Noruega (68,54), Finlândia (66,61) e Cingapura (63,52).
Na América Latina, o Brasil fica em 5º lugar. A Argentina lidera o ranking latino-americano, com um índice de 58,40, classificado como alto. Confira o ranking completo.
Disparidades regionais
O estudo também aponta disparidades regionais no Brasil. Apenas o Distrito Federal e o Rio Grande do Sul apresentam alto nível de proficiência. São Paulo, que está em terceiro lugar, bem como Rio de Janeiro, Paraná, Maranhão, Minas Gerais e Santa Catarina, que aparecem na sequência, apresentam notas abaixo de 51.49, apontadas como baixas. O Mato Grosso é o estado com o menor índice: 44.4, considerado muito baixo.
Variáveis
São muitas as varáveis que influenciam os resultados da lista. Para o coordenador de educação do CNA, Jaime Cará, os entraves na educação pública estão entre as principais delas. Na visão do especialista, além do professor do Estado não ser muito valorizado e ganhar pouco, o ensino da língua é muitas vezes visto como conteúdo e não como prática social. Ainda segundo Jaime, os números refletem a realidade de um país onde nem todo mundo tem acesso à internet e a maioria das pessoas ainda não tem acesso ao ensino superior.
Estudos reforçam esta compreensão. Segundo a pesquisa da EF, enquanto no Brasil a média de anos escolares dos habitantes é de 7,66, na Holanda, esse número sobe para 11,89. Lá, a penetração da internet é de 93,2%, ao passo que, aqui, o percentual não chega a 60.
Outro estudo divulgado no ano passado pelo instituto British Council entrevistou 1.269 professores de ensino fundamental e médio da rede pública no Brasil. Segundo 41% deles, a língua inglesa não é considerada relevante pelos estudantes.
Carreira
Ainda que o brasileiro possua, em média, pouco domínio do inglês, o idioma é cada vez mais solicitado pelas grandes companhias. E a exigência aparece logo no início da carreira. Das 44 empresas com vagas de trainee divulgadas este ano pela Gazeta do Povo, por exemplo, 66% apontavam a língua inglesa como pré-requisito. Destas, 55,1% pediam inglês avançado, 17,2%, intermediário, e 27,5%, fluente.
O descompasso entre essa demanda e a realidade do país é evidente. Outra pesquisa da British Council publicada no ano passado mostrou que apenas 5% dos brasileiros falam inglês e só 1% apresenta algum grau de fluência. Um cenário que esbarra nas exigências do mercado.
Segundo a diretora executiva de transição de carreira da consultoria Stato, Lucia Costa, é a globalização que torna o inglês uma competência tão importante. Tarefas cotidianas em várias áreas, que vão desde a leitura de um artigo até a comunicação com um negociador estrangeiro, podem estar comprometidas quando não se tem um bom grau de domínio.
Em meio a esse contexto, falar inglês pode colocar um candidato a frente de muitos outros. Uma pesquisa do site de empregos Catho mostra que quem se destaca em uma segunda língua pode ter uma remuneração até 51.89% vezes maior do que os demais profissionais.
Mas Jaime acrescenta que os benefícios do inglês no campo profissional não se restringem apenas ao cenário corporativo. A língua pode ampliar horizontes, visão cultural, redes de contato e também estender possibilidades de empreendedores e pequenos empresários.
Demanda prioritária
O inglês é fundamental para a carreira na maioria dos segmentos. De acordo com a psicóloga e assessora de carreira da Catho Elen Souza, as áreas que mais demandam a língua são as de engenharia, TI, administração, marketing, comunicação, turismo, comércio exterior, finanças, relações públicas e área acadêmica.
A pesquisa da EF elencou os setores com maior proficiência na língua em âmbito global. Os segmentos de consultoria e engenharia lideram o ranking, seguidos das áreas de contabilidade, TI, saúde e mídia. As menores notas estão nos setores de defesa e segurança, educação, serviço público e logística.
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