A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes/MEC) selecionou as três melhores teses de doutorado produzidas no Brasil em 2005. Os autores dos três melhores trabalhos receberão bolsa de pós-doutorado de um ano no exterior, medalha e diploma. As teses premiadas podem resultar, na avaliação da instituição, em mudanças importantes nas respectivas áreas de conhecimento.
O Grande Prêmio Capes de Tese Carl Peter von Dietrich foi para Cláudio Teodoro de Souza, da área de biologia do programa de pós-graduação em clínica médica da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O pesquisador patenteou uma substância capaz mudar o combate à diabetes tipo 2. A ação da proteína PGC-1alfa, identificada pelo cientista, tem papel no controle da produção de insulina pelo pâncreas e na ação da insulina, simultaneamente, em órgãos como o fígado e o tecido adiposo.
A partir dessa constatação, foi possível produzir um medicamento capaz de atuar tanto na produção quanto na ação da insulina. Os pacientes que utilizam duas ou mais medicações poderão usar apenas uma. "Os diabéticos utilizam uma série de drogas para o tratamento. Nossos testes demonstraram que essa nova substância é mais barata, por ser desenvolvida no Brasil, e também mais eficaz", afirmou Souza, que foi orientado pelo professor Lício Augusto Velloso.
O químico Cláudio Patrício Ribeiro Júnior, do programa de pós-graduação em engenharia química da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), criou um sistema capaz de concentrar o suco de laranja com as menores alterações possíveis de sabor e aroma. De acordo com o autor, a diferença produzida pela inovação no processo faz prever ganhos para a economia, já que o Brasil é o maior exportador de suco de laranja do mundo. A pesquisa rendeu a Ribeiro Júnior o Grande Prêmio Capes de Tese César Lattes na área de exatas.
"Nós já entramos com o pedido de patente para o processo. Com o novo método aplicado e com um produto de maior qualidade, teremos um diferencial para o suco brasileiro. Depois, poderemos adequar o método a outras frutas tropicais", disse o pesquisador, que teve sua tese orientada pelos pesquisadores Paulo Laranjeira da Cunha Lage e Cristiano Piacsek Borges.
A partir do quadro Tiradentes Esquartejado (1893), de Pedro Américo, pertencente ao acervo do Museu Mariano Procópio, em Juiz de Fora, Minas Gerais, a historiadora Maraliz de Castro Vieira, da Unicamp, elaborou a tese ganhadora do Grande Prêmio Florestan Fernandes na área de ciências humanas.
Maraliz, orientada pelo professor Jorge Coli, estudou a representação que se faz de um fato histórico a partir da arte. Baseada na obra de Pedro Américo, ela levantou questões como a função histórica da arte e a semelhança entre artistas e historiadores. "A partir do momento em que o artista pesquisa um fato histórico e o interpreta, ele é um historiador", disse. Maraliz acredita que sua tese contribuirá para um debate mais rico sobre a arte no Brasil e também sobre novas maneiras de fazer história.
Na primeira edição do Grande Prêmio Capes de Tese, relativo a 2005, foram inscritas 228 teses. Uma delas foi escolhida para cada grande área de conhecimento. Para o presidente da Capes, Jorge Guimarães, o prêmio serve de estímulo para os estudantes. "Queremos incentivar os novos doutores a se engajarem na urgente tarefa de promover o desenvolvimento científico, econômico e sociocultural do país".
O processo de avaliação dos candidatos envolveu 56 comissões e 198 consultores das mais diversas instituições de ensino superior brasileiras. Os orientadores dos autores premiados, pesquisadores e estudiosos de notável desempenho também serão homenageados. Eles receberão auxílio equivalente a uma participação em congresso internacional ou igual soma de recursos aplicável no custeio de projeto aprovado pela Capes.
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