A imagem do funcionário provisório é bastante comum, mas a crise fez com que esse perfil de profissional não se limitasse mais apenas a cargos gerais, chegando também à gerência das empresas. Pode parecer um pouco estranho à primeira vista, mas os chefes interinos estão se tornando cada vez mais comuns e surgem como uma tendência na gestão das grandes corporações.
Esse modelo de executivo temporário é algo que já existe há algum tempo em outros países, como Estados Unidos e França, mas que somente agora começa a ganhar força por aqui, principalmente em setores financeiros, de vendas e marketing. E a crise é a principal responsável por esse impulso.
De acordo com o gerente da Michael Page Humberto Wahrhaftig, a demanda de serviço desses gestores interinos cresceu cerca de 25% entre 2014 e 2015 e esse número segue subindo ano após ano. “Antes, a procura era apenas em São Paulo, mas está se espalhando para outros lugares. Em Curitiba, por exemplo, muitos executivos já estão começando a se interessar por esse modelo”, conta.
Na maioria dos casos, são profissionais que foram desligados de suas companhias, mas que encontraram uma forma de voltar ao mercado. Para Wahrhaftig, a terceirização de cargos executivos é algo que as empresas estão aceitando mais exatamente por conta da situação econômica atual. Cada vez mais enxutas, a contratação desses chefes temporários se transformou em uma alternativa de cortar custos ao mesmo tempo em que otimiza processos. Sem precisar internalizar aquele profissional, a companhia evita certos gastos e se concentra em pontos que precisam ser ajustados ou desenvolvidos em sua estrutura.
O tempo em que esses gestores ficam nas empresas varia de acordo com os projetos nos quais estão envolvidos, mas os resultados não demoram a aparecer. Para Carlos Macedo, diretor geral da Innovativa, consultoria especializada em gestão interina, o principal benefício desses “executivos freelancers” é que eles utilizam a sua expertise com o mercado para render muito mais e em menos tempo.
“Eles chegam fazendo o que é necessário dentro de uma área, resolvendo um problema, implementando uma solução ou criando novos setores”, aponta. E, segundo Macedo, essa abordagem faz com que a troca de conhecimento se torne ainda mais intensa e vantajosa para a companhia, uma vez que o profissional está junto com o restante da equipe, vivenciando a realidade da empresa.
No bolso
Se o executivo temporário é mais barato para quem contrata, a remuneração de quem oferece esse tipo de serviço segue tão vantajosa quanto a de um chefe tradicional. Segundo Humberto Wahrhaftig, os valores não oscilam muito por uma combinação de motivos. “De um lado, as empresas não têm condições de pagar muito. Do outro, o salário não diminui muito porque há um patamar no marcado que regula o nível”.
A diferença, portanto, fica para a própria companhia. Como o executivo é um prestador de serviço, os custos para mantê-lo dentro da empresa são bem menores. “Um gestor interino chega a custar de 20 a 35% a menos do que um profissional CLT”, pontua Carlos Macedo.
E esse barateamento facilita também na recolocação no mercado. “Para alguém se reposicionar com CLT, pode levar até três anos dependendo da especialidade. Como interino, ele volta a trabalhar entre seis e meses e um ano”, conclui.