As primeiras contratações do comércio para o fim do ano já começaram e a abertura de vagas temporárias vai se intensificar a partir de outubro. Segundo técnicos da Fundação Seade e do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese), pensando nas encomendas de Natal, em agosto, várias empresas reabriram vagas fechadas nos meses anteriores. O comércio foi o que mais contratou trabalhadores em agosto: 12 mil postos. A indústria criou 4 mil vagas e a construção civil, 11 mil.
- As contratações para o final de ano começam para valer em outubro, mas já tem empresa repondo vagas fechadas nos últimos meses, quando a perspectiva de crescimento da economia e de queda dos juros não era muito boa. Pequenas empresas, que estão com número reduzido de trabalhadores, parecem que começaram a contratar novamente, já pensando nas encomendas de final de ano. Os grandes supermercados e as lojas de departamentos vão aumentar as contratações nos próximos meses - disse Marcel Solimeo, economista da Associação Comercial de São Paulo.
Natal e Dia das Mães são as principais datas para o comércio e a intenção dos lojistas é ter gente suficiente para atender os consumidores. Nada pior do que chegar em uma loja, seja ela de shopping ou de rua, e ter dificuldade para ser atendido por falta de funcionários. Boa parte dos consumidores simplesmente sai da loja e busca outro lugar para comprar. Em São Paulo, o comércio emprega 1,285 milhão de trabalhadores, segundo a Associação Comercial. A expectativa de contratação de temporários para 2005, de acordo com Solimeo, é a mesma de 2004: entre 50 mil e 60 mil trabalhadores.
- Parte dos trabalhadores temporários acaba sendo contratada, principalmente quando se espera um bom crescimento de vendas e da economia para o ano seguinte - afirmou Solimeo.
Fábio Pina, economista da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio) disse que o universo de trabalhadores e de empresas é muito grande em São Paulo e não é de se estranhar que algumas empresas já tenham começado a contratar. Ele lembrou que os lojistas da Rua 25 de Março, por exemplo, que revendem produtos para os empresários de todo o país, já podem ter começado a contratar pessoal.
- Todos os indicadores mostram crescimento da economia e é de se esperar vendas relativamente boas e novas contratações - afirmou Pina, acrescentando, porém, que os custos de contratação são altos e que as vendas deste fim de ano devem ter crescimento menor, pois a base de comparação é alta.
Na avaliação do economista da Fecomercio, o emprego deve crescer nas empresas de eletroeletrônicos. As vendas de automóveis também tem aumentado bastante com o aumento do crédito, mas, nesse caso, não é de se esperar novas contratações no setor. As lojas de roupas costumam contratar trabalhadores, mas não tanto, já que, com produtos de preços mais baixos, pode não valer a pena gastar dinheiro com um funcionário temporário.
Para João Carlos Gomes, economista da Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro, a contratação começa em outubro, mas as empresas já iniciaram sondagens de trabalhadores e a formação dos cadastros. Com a expectativa de crescimento da economia, reforçada pela queda de juros até o final do ano, é de se esperar que o número de contratações temporárias aumente em 2005. Para o economista, basta estabilidade para indicar um resultado positivo, pois 2004 foi um ano muito bom, com o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 4,9%.
Em novembro de 2004, de 2.564 estabelecimentos consultados no Rio de Janeiro, 35% disseram que iriam reforçar as equipes de apoio (em 2003 esse percentual foi de 31%). Segundo a estimativa, a proporção média de funcionários temporários em relação aos funcionários fixos iria continuar subindo, representando 40%. A quantidade média de contratados por loja não seria alterada em relação ao ano passado, permanecendo em 6 o número de funcionários para reforçar as vendas. Dentre os estabelecimentos que participaram do levantamento, 70% acenaram com a possibilidade de contratar, pelo menos um, destes trabalhadores.
Neste ano de 2005, o crescimento do esperado do PIB gira em torno de 3,5%. Assim, é de se esperar boas notícias às pessoas que esperam o final do ano para mostrar um bom trabalho e acabar sendo contratada no fim do contrato temporário, de acordo com Gomes.