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Todo processo de busca por um novo emprego pode ser complicado, mas uma pergunta, em especial, atormenta muitos candidatos: "Qual é a sua pretensão salarial?". A questão vem cheia de implicações e responder de maneira inadequada pode custar a vaga. Assim, especialistas aconselham cuidado e muita pesquisa para não pisar na bola.

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A pretensão salarial não deve constar no currículo e só deve ser divulgada quando o recrutador pergunta. Sem saber o que a empresa procura, compartilhar essa informação cedo demais pode eliminar o candidato já na primeira etapa do processo seletivo. 

Um dos primeiros passos para não errar na hora de definir qual salário pode e deseja ganhar é investir um bom tempo pesquisando. É preciso olhar para a situação do mercado, do cargo desejado, da empresa e, principalmente, para o próprio currículo. Só dessa forma é possível saber qual é a sua posição em relação à concorrência. "A pessoa que está sendo recrutada precisa saber quão rara ela é e até que ponto aquela vaga é comoditizada ou rara", afirma Alexandre Weiler, consultor de carreira da escola de negócios Esic. 

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Se há muitas vagas semelhantes disponíveis, isso sinaliza que não está fácil encontrar profissionais adequados para preenchê-las. Já se a situação é a contrária, em que existem poucas vagas e que são rapidamente preenchidas, há profissionais de sobra para atendê-las. Nesse caso, a briga será por preço. "Se o que você está pedindo é muito acima da média, a chance de contratação é muito pequena, porque a questão preço é muito relevante. Mas se houver um índice alto de raridade do profissional, a questão preço não será tão relevante e o candidato pode pedir um salário um pouco mais alto", explica. 

É decisivo não se precipitar para não ser prejudicado. "Para o candidato, abrir a remuneração logo no início da conversa faz com que ele fique sem margem para negociar", diz a consultora de carreiras da Lee Hecht Harrison Brasil, Patrícia Paniquar. Ela aconselha que, quando chegar o momento de falar sobre o salário, o candidato apresente uma faixa, dentro da qual possa negociar de 15% a 20% para mais ou para menos. "É fundamental sempre deixar isso aberto à negociação, especialmente num momento de crise". 

Não anunciar salário junto com a vaga é de praxe

Não encontrar o salário em um anúncio de emprego pode irritar muitos candidatos, mas a prática é extremamente comum. Para as empresas, não divulgar o valor dá uma margem muito mais folgada de negociação, que pode ser adequada não apenas à situação financeira do negócio e às necessidades relacionadas à posição, mas também ao perfil do candidato. 

Patrícia explica que, em geral, o recrutador terá uma faixa mínima, média e máxima para guiá-lo na hora de escolher um novo empregado. Na maior parte das vezes, o valor final ficará entre mínimo e médio, chegando ao valor máximo apenas se o candidato for muito requisitado. 

É menos frequente, especialmente com posições gerenciais, mas o valor pode ser apresentado já na oferta da vaga. Nessa situação, ainda há margem para negociação? "Provavelmente", aposta a consultora. "As empresas dificilmente apresentam o salário final, o valor é mais para ajudar no filtro de candidatos". 

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Por onde começar para definir a pretensão salarial

O processo de pesquisa, aliado a uma análise real do próprio currículo, pode começar pelas tabelas salariais de sindicatos e associações de classe, levando sempre em consideração o custo de vida na cidade em que o profissional irá atuar e o porte da companhia. Portais como o Love Mondays também apontam os salários que estão sendo pagos, tanto para a posição quanto por empresas específicas. "Isso tornou a vida do profissional que pesquisa e planeja muito mais fácil", aponta o consultor. 

Patrícia lembra que consultorias realizam periodicamente pesquisas de mercado públicas com estimativas realistas de remuneração e que é importante considerar também outros aspectos financeiros que complementam o salário, como participação nos lucros da empresa. "A remuneração não é só o salário: é o salário e os benefícios diretos e indiretos. Para fazer essa composição, o candidato precisa conhecer todas as variáveis, em relação à empresa e a si mesmo. Nem se subestimar e nem se superestimar", aconselha. 

Weiler concorda. "O caminho é buscar esses referenciais e fazer o pedido da pretensão com base na raridade da vaga". Ele acrescenta que, em momentos de crise, vale levar em consideração aceitar ganhar um salário menor do que o anterior — ou que o esperado — analisando as possibilidades que a posição oferece e levando em consideração, obviamente, o nível de necessidade pessoal.