Abrir um negócio sozinho ou com o apoio de um sócio? Se a resposta for unir-se a alguém, especialistas ressaltam que o melhor é buscar a diversidade de competências. Independentemente de serem amigos ou parentes, os sócios precisam compartilhar os mesmos valores e principalmente ter disposição para resolver os problemas que vão aparecer por meio do diálogo.
Analistas lembram que não existe um par ideal. Cada empresário terá de conhecer o perfil do candidato a sócio para saber se ele será um bom parceiro ou não, além de estar atento às definições legais da sociedade (leia no box). O importante é ter regras claras para evitar dores de cabeça no futuro. "Buscar alguém que domina uma área que a pessoa não domina, para se complementar, pode diminuir os conflitos e ser muito mais construtivo", avalia Renato Requião Munhoz da Rocha, professor e consultor na área de gestão.
Foi essa a lógica usada por Sueli Herman e Edilene Mazetto na hora de se associarem para abrir a Tick Tack Toe, empresa especializada em bolsas para maternidade. Sueli sempre trabalhou na área comercial, enquanto Edilene sempre gostou da área administrativa. A soma de esforços deu certo e hoje a empresa está em seu sétimo ano de vida.
"Foi o que chamou a atenção quando pensamos em ser sócias: cada uma gosta de uma área e com isso fica cada uma no seu quadrado, respeitando uma a área da outra, com o objetivo de fazer a empresa crescer. Hoje não me vejo sozinha", conta Sueli.
A empresária lembra ainda que as duas já tiveram problemas desde a abertura do negócio, mas aprenderam a lidar com as dificuldades, fazendo cobranças com respeito. "Não podemos uma invadir o espaço da outra e temos de agir de maneira profissional. Hoje somos amigas, mas começamos a nossa relação como sócias", ressalta Sueli.
Registro por escrito
Rocha recomenda que os sócios registrem em cartório um documento com expectativas para a empresa, com a finalidade de evitar conflitos. Entre os pontos que devem ficar claros estão a participação da família no negócio, a retirada mensal de cada sócio e até temas mais longínquos, como a sucessão, no caso de não haver filhos interessados em tocar o negócio. "O principal problema entre os sócios é a comunicação e ela precisa ser escrita. Para evitar os atritos, é preciso ter regras definidas", salienta.
Para Humberto Souza, professor de Gestão de Pessoas no Centro Tecnológico da Universidade Positivo (UP) e consultor de desenvolvimento organizacional, uma das vantagens em se ter um sócio é poder dividir o que se pensa e nada impede que um opine na área do outro, sempre com respeito às diferenças.
"Para minimizar os atritos o importante é escolher o sócio adequado. As pessoas devem ter uma expertise diferente uma da outra. O que precisa ser igual são os valores, para dividirem, juntos, as decisões. Mesmo sendo amigo ou familiar, é preciso saber dividir o melhor possível: na empresa há um tratamento e na família outro", pondera.