Glossofobia é o tipo de palavra que ninguém usa no dia a dia, mas descreve uma sensação que muita gente tem: o medo de falar em público. De acordo com uma pesquisa da Ford de 2015, esse é, inclusive, um dos maiores medos dos jovens americanos, perdendo apenas para outros motoristas, morte e aranhas.
Porém, apesar desse temor ser tão comum, a capacidade de falar bem em público é uma das habilidades requisitadas por recrutadores das mais diversas áreas. Seja para apresentar um projeto ou se posicionar assertivamente em uma reunião, as empresas valorizam profissionais que sabem transmitir sua mensagem com eficiência.
“Quem se comunica bem vende as suas ideias e melhora a imagem. As pessoas valorizam demais as pessoas que se comunicam com clareza, até porque a fluência e a objetividade se refletem na empresa”, garante a coach de carreira Denize Tarabaika. Mas como desenvolver essa capacidade?
De onde vem o medo
O primeiro passo é descobrir a raiz do mau desempenho na hora de falar em público: uma dificuldade relacionada à personalidade, algum trauma do passado ou ansiedade pela avaliação. Nos dois primeiros casos, por serem problemas profundos e algumas vezes até inconscientes, um auxílio profissional pode ser importante para ajudar a identificar a fonte do problema e resolvê-lo.
Um momento de constrangimento pode ter acontecido, por exemplo, durante uma apresentação de escola e deixado uma marca que vai persistir até que essa questão seja resolvida.
“Eu já tive um cliente que teve um chefe muito severo, que lhe chamou atenção de forma muito grosseira na frente dos colegas durante uma reunião. A partir daí, meu cliente passou a ter dificuldade na hora de se expressar”, conta Denize.
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Já o nervosismo gerado pelo julgamento alheio pode prejudicar o profissional isoladamente ou, muitas vezes, se somar ao trauma e à timidez. “Um certo nível de ansiedade é natural e deixa o organismo mais alerta para o que vai acontecer, mas se esse nível passa de um determinado limite pode prejudicar, afetando a memória, articulação e produzindo sintomas físicos, como suor e rubor, que podem limitar consideravelmente a fala da pessoa”, explica a psicóloga Carolina Walger, membro do Conselho Regional de Psicologia do Paraná.
Fórmula mágica = preparação + respiração
Seja qual for o cerne do problema, o essencial é chegar ao momento da apresentação dominando plenamente o assunto, organizando o conteúdo e fazendo um roteiro da fala. Isso vai aumentar a autoconfiança, ampliar seu vocabulário e, mesmo com a ansiedade, o profissional terá a certeza que sabe do que está falando e saberá responder às eventuais perguntas dos presentes.
O profissional também precisa construir um repertório: ler bastante, assistir palestras e buscar essas situações. Ter referências de pessoas que têm uma boa oratória é uma das peças-chave para um bom desempenho, fazendo com que o ato de falar em público deixe ser um bicho papão, e ajuda na hora de praticar.
O treino, aliás, é essencial. Na frente do espelho, em voz alta, filmando ou passando o texto da apresentação para um amigo, repetir o que será dito traz mais conforto em relação à entonação, os gestos e a postura. O domínio da técnica vem com a prática. Ou seja, fugir dos holofotes não ajuda e, de acordo com Carolina, pode facilmente transformar a questão numa bola de neve. “A pessoa evita se expor e, à medida que não se expõe, tem menos situações para desenvolver essa habilidade”.
Outra coisa que ajuda é respirar fundo e tentar relaxar. O ideal é achar uma técnica que funcione para você e usá-la alguns minutos antes da exposição. “No YouTube tem muitos vídeos de meditação e respiração que ajudam bastante. O método mais eficiente para controle da ansiedade é prática de respiração”, garante a coach.
Por fim, vale a pena investir também em um treino mental, fazendo uma preparação cognitiva para esse momento tenso. “A pessoa pode mentalizar de uma maneira bem próxima da realidade como vai ser aquele dia. Imaginar todo o dia, como vai chegar lá, os gestos que fará, como vai ser a fala. É como se fosse um ator ensaiando uma peça de teatro”, orienta a psicóloga.
No entanto, fica o aviso: se mesmo usando todas essas ferramentas ainda for muito difícil falar em público, pode ser um sinal de que é preciso ajuda profissional.