Com a estimativa de pelo menos 50 mil ofertas de vagas, 2012 será o ano de retomada dos concursos públicos. Alguns processos foram abertos ainda em janeiro e a previsão é de novas vagas para todo o período. Analistas ressaltam que esse deve ser o início de um ciclo de contratações de funcionários do setor público com fôlego para durar até 2015, pelo menos.
Apenas a administração direta do governo federal vai oferecer ao menos 21,1 mil vagas neste ano, número que reúne novos concursos, nomeações e também a substituição de terceirizados. As estimativas de convocação das principais empresas estatais são de no mínimo 24,8 mil postos de trabalho para o mesmo período o número que não considera as vagas a serem ofertadas pela Petrobras, que já anunciou a contratação de 15 mil funcionários até 2015, parte dos quais deve ser efetivada neste ano.
No ano passado, vários concursos federais que costumam oferecer um alto número de vagas foram suspensos, levando a um volume representativo de oportunidades congeladas. De acordo com o governo, a decisão fazia parte de um pacote de corte de custos de R$ 50 bilhões em 2011.
O número de vagas oferecidas ainda pode aumentar. Diversos concursos estão aguardando a aprovação do Ministério do Planejamento, pasta responsável por autorizar as vagas do Executivo federal.
Entre as instituições que já lançaram concursos neste ano estão a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal e a Casa da Moeda. Em fevereiro, deverá ser a vez da Caixa Econômica Federal. O banco vai oferecer 5 mil vagas durante o ano de 2012.
Outros órgãos, como a Advocacia Geral da União (AGU), a Agência Nacional do Petróleo (ANP) e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), ainda aguardam a liberação do Ministério do Planejamento. A expectativa é de que, somados, somente esses órgãos abram quase 700 vagas ainda em 2012.
"Hoje vemos um número alto de vagas voltadas aos níveis médio, técnico e superior. E elas são direcionadas a diferentes áreas de atuação, em órgãos diferentes. O país tem várias oportunidades para quem pensa em seguir a carreira pública", afirma o professor José Wilson Granjeiro, diretor da Gran Cursos, escola de Brasília voltada à preparação para concursos.
Segundo ele, concursos como os da Petrobras, da Caixa e do Banco do Brasil continuam sendo os preferidos dos candidatos. "E ocorre de eles estarem contratando mais que em qualquer outro período. O BB está prevendo 16,8 mil vagas, a Petrobras promete 15 mil até 2015. Nunca vimos isso", diz.
Outra notícia boa para os concurseiros é que, segundo Granjeiros, este ritmo deve se manter pelos próximos anos, sustentado por projetos de infraestrutura e pela aposentadoria de uma grande parcela dos atuais concursados.
"Temos um cenário favorável para este ano e ele deve se expandir. A partir do nosso acompanhamento da área, há a estimativa de que algo em torno de 85% dos atuais servidores se aposentem até 2015, o que dá a visão de períodos ainda melhores pela frente", afirma Granjeiros.
Aumenta a procura por cursos preparatórios
Quem acompanha de perto e também se beneficia do movimento das grandes ofertas de vagas públicas são os cursos preparatórios para as carreiras. Diretor da Gran Cursos, de Brasília, José Wilson Granjeiro afirma que, apenas em janeiro, o número de alunos da escola apresentou um crescimento de 500% em relação ao mesmo mês do ano passado.
Heitor Carvalho, coordenador adjunto do curso Aprovação, de Curitiba, observa o mesmo fenômeno. "Desde novembro, presenciamos um sensível aumento no numero de matrículas. E o que percebemos é que isso vem em torno tanto dos concursos que acontecem agora, em janeiro e fevereiro, e também para processos que devem ser realizados nos próximos meses do ano", diz Carvalho.
Perfil
Para Granjeiro, o perfil de quem aposta nos concursos tem mudado nos últimos anos. Segundo ele, atrativos como a estabilidade e os bons salários continuam valorizados, mas a profissionalização dos órgãos também tem chamado a atenção dos candidatos. "O formato das carreiras está interessante e isso tem gerado uma mudança cultural muito forte. Elas estão conseguindo valorizar aspectos da formação e da vocação dos candidatos, em alguns casos da mesma maneira que a iniciativa privada", aponta Granjeiro.
Segundo ele, esse quadro faz com que um número cada vez maior de jovens passe a se dedicar às carreiras públicas, o que, somado à qualidade na formação, pode levar o país a ter uma administração pública mais eficiente.