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De malas prontas

Conheça os tipos de visto para trabalhar nos EUA; pedir o correto é fundamental

É preciso preparação e paciência para conseguir realizar o sonho americano. | Oto Godfrey/Wikimedia Commons
É preciso preparação e paciência para conseguir realizar o sonho americano. (Foto: Oto Godfrey/Wikimedia Commons)

O sonho americano é tão comum que já foi até tema de novela. Mas como é possível realizá-lo sem repetir a história de imigração ilegal vivida por Sol (Deborah Secco) em América? O primeiro passo é ser elegível para um visto de trabalho nos Estados Unidos, mas é fácil se perder em meio a tantas informações. 

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Com exceção do visto J, que permite trabalho temporário, mas é destinado a intercambistas e estagiários, trabalhadores brasileiros normalmente optam entre três opções: transferência de executivos ou gerentes entre empresas do mesmo grupo econômico (L-1); profissionais com conhecimentos técnicos diferenciados (H-1B); e para profissionais com habilidade extraordinária (O-1).

Transferência na mesma empresa (L-1)

A assessora da Schultz Vistos Cristina Brito afirma que a maior parte das pessoas que procuram a assessoria se enquadram na categoria L-1. “São funcionários de multinacionais que estão sendo transferidos para os Estados Unidos”, afirma. É o caso de Juliano Schwab, que fez as malas definitivamente há cinco anos. No Brasil, trabalhava em uma multinacional dinamarquesa produtora de enzimas e, em 2012, foi transferido para uma sede da empresa na Carolina do Norte.

 

“A empresa é responsável pelo início do processo e ela patrocina o visto”, explica o engenheiro de bioprocessos. A companhia vai abrir uma petição junto ao Serviço de Cidadania e Imigração dos EUA (USCIS) e só quando essa solicitação é aprovada é possível pedir o visto, que ainda pode demorar para ser aprovado. “Você recebe uma autorização de residência temporária enquanto durar o seu contrato com a empresa - se você se desligar da empresa por qualquer motivo, tem um mês para sair do país”. Ele acrescenta que essa categoria inclui um visto subordinado que permite que o cônjuge do portador do visto principal também trabalhe nos EUA.

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Para ser elegível para essa categoria, o solicitante deve exercer função em nível gerencial ou executivo ou ter conhecimento altamente qualificado. Em solo americano, ele pode ocupar uma posição com a companhia em qualquer um desses níveis, embora não necessariamente na mesma função ocupada anteriormente. O funcionário deverá, ainda, nos últimos três anos, ter trabalhado na mesma empresa por pelo menos um ano contínuo fora dos Estados Unidos. 

Ocupação de especialista (H-1B)

O visto na categoria H-1B é exclusivo para pessoas que tenham, no mínimo, graduação universitária em um programa de quatro anos ou alguma certificação profissional com habilidades diferenciadas. Ele é destinado a quem acabou de conseguir um emprego com uma empresa nos Estados Unidos, por isso é, normalmente, o escolhido por aqueles que estão fazendo pós-graduação no país e acabam arrumando um emprego por lá. 

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Assim como nos outros casos de visto de trabalho, a solicitação é feita pela empresa contratante. “Cabe a ela preparar a petição, assinar os formulários e pagar as taxas. Obviamente, é fundamental a ajuda e envolvimento do funcionário na coleta de documentos e compilação de informações”, aponta o advogado e sócio da consultoria Drummond Advisors, Pedro Drummond, especialista em aplicação de vistos de trabalho e negócios para os EUA. 

A categoria H-1B tem mais uma especificidade: há um limite anual de concessões de 85 mil vistos, dos quais 20 mil são reservados para profissionais que possuem mestrado ou pós-graduação em uma faculdade dos EUA. Todo dia 1º de abril, o USCIS começa a receber as novas petições e as inscrições se esgotam em menos de uma semana. Os pedidos são submetidos a uma espécie de “loteria” para decidir quais serão avaliados primeiro. 

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Indivíduos com habilidade ou feito extraordinário (O-1)

Já o visto O-1 é voltado para pessoas com habilidades extraordinárias nas áreas de ciências, artes, educação, negócios e atletismo ou feitos extraordinários em produção de televisão e filmes. O empresário André Dayan é um dos que se enquadram nessa categoria. O médico veterinário desenvolveu, ainda durante o seu mestrado em Biotecnologia da Reprodução Animal, uma técnica de fertilização in vitro para bovinos que foi reproduzida em laboratórios do mundo todo, incluindo Austrália, Espanha, México, Colômbia, Venezuela e Uruguai. 

Uma parceria com a empresa norte-americana WTA, que produz os equipamentos necessários para o procedimento, gerou o interesse de que o profissional fosse trabalhar no Texas. Depois de buscar as primeiras informações na internet, Dayan procurou a Drummond Advisors para decidir qual era a melhor categoria para o seu perfil profissional. Como desenvolveu um método pioneiro e acumulou prêmios durante a carreira - informações que podem ser comprovadas durante o processo de candidatura para o visto e que mostram a singularidade do profissional, escolheu a categoria O-1. 

“Isso de ‘habilidade extraordinária’ parece algo longe da realidade, mas se você tem um background que sustente isso, especialmente na área científica ou de invenções, é uma opção bastante interessante”, garante.

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No caso dele, entraram no “dossiê” enviado ao USCIS reportagens sobre a empresa que fundou e a técnica desenvolvida por ele, artigos publicados em periódicos científicos e cartas de recomendação de pessoas proeminentes na área da pecuária, especialmente de norte-americanos. 

O visto O-1 também se estende para cônjuge e para a família do portador do visto original. 

Preparação é a chave

Na hora de requerer um visto de trabalho para os EUA, é preciso investir tempo - e dinheiro - na preparação da documentação e também da adaptação ao choque cultural. Apesar das diferenças entre cada uma das categorias, é unânime o rigor do setor de imigração dos Estados Unidos na hora de avaliar os pedidos. “Os processos têm se tornado cada vez mais longos, mas em alguns casos é possível pedir o chamado Premium Process, hipótese em que é dada resposta em 15 dias mediante pagamento de uma taxa governamental adicional de US$ 1225”, diz Drummond.

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Do lado das empresas, é bom que as áreas de recursos humanos garantam que o empregado tem um suporte para, pelo menos, os primeiros meses. “É bom que checar com o RH todos os detalhes sobre custo de vida, informações para poder abrir conta bancária, para tirar o social security number (que é equivalente do CPF nos Estados Unidos), se vai ter alguém que vai te ajudar a achar um apartamento ou uma casa para morar. Os primeiros 90 dias são críticos, acontece muita coisa e você não tem tempo para ver isso”, aconselha o engenheiro Juliano Schwab.

A regulamentação não especifica um mínimo de domínio da língua inglesa, mas isso não quer dizer que é possível conseguir o visto de trabalho sem, ao menos, o básico para se fazer entender. “O nível em inglês depende do contratante e da vaga, porém é importante conseguir se comunicar bem, porque geralmente a entrevista no consulado é feita em inglês”, explica a assessora de vistos Cristina Brito. 

“Eu nunca tinha pensado realmente que eu iria viver nos Estados Unidos e, no começo, ainda não entendia o modo de pensar nos americanos. As coisas são muito diretas e efetivas aqui, então, na hora de pedir o visto, é preciso demonstrar que é importante para os Estados Unidos que essa pessoa venha. Não adianta só falar que aquilo é importante para a carreira dela”, afirma Dayan. 

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E quem teve o visto negado, precisa se desesperar? “Depende da natureza da negativa”, pondera o advogado. Se o visto foi negado porque o candidato não conseguiu cumprir um dos requisitos, a tendência é que não haja impacto em pedidos futuros de autorização de trabalho fora do país. Porém, explica Drummond, se o visto foi negado por existência de fraude no pedido ou violação de alguma regra imigratória, a negativa vai influenciar novas análises. 

Mais detalhes sobre todos os tipos de visto podem ser encontrados no site da embaixada dos Estados Unidos: br.usembassy.gov

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