Entre 171 empresas de capital aberto listadas na bolsa, as paranaenses são as que pior remuneram diretores e membros do Conselho Administrativo na comparação com a média nacional e da Região Sul. As companhias do estado pagam, na média, R$ 964 mil ao ano aos executivos da diretoria ou cerca de R$ 80 mil ao mês, contando bônus e 13.º salário. A média do Sul é de R$ 989 mil e a nacional, de R$ 1,4 milhão ao ano. Os conselheiros nas empresas do estado ganham R$ 168 mil, contra R$ 251 mil no Sul e R$ 230 mil na média nacional. Os dados são de uma pesquisa inédita feita pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC). Das 171 companhias pesquisadas, 21 são do Sul e 7 do Paraná.
Tema de grande debate durante a crise financeira mundial, os salários pagos a executivos de grandes empresas sempre foram muito acima da realidade do trabalhador médio. Na pesquisa, porém, chama a atenção a remuneração dos conselheiros, uma função que vem ganhando cada vez mais destaque nas corporações brasileiras, especialmente na medida em que as empresas familiares vão adotando as práticas de governança corporativa parte central da filosofia de governança é a instauração de um Conselho Administrativo.
Coordenador da seccional paranaense do IBGC, Márcio Kaiser afirma que a remuneração de um conselheiro deveria seguir uma métrica comum. Segundo ele, a conta ideal é a divisão do salário mensal do presidente da empresa pelos dias dedicados pelo conselheiro à função. "É um cargo que não pode nem ter um salário muito pequeno, em respeito ao histórico do conselheiro, que normalmente é um profissional experiente, nem muito alto, para que aquela fonte de renda não se torne indispensável e ele acabe tomando uma decisão que não seja necessariamente a melhor para os acionistas, e sim para si próprio."
O que fazem?
A recomendação do IBGC é que empresas com faturamento superior R$ 50 milhões criem um conselho. Em boa parte, o trabalho do conselheiro é representar os acionistas e fazer o meio de campo junto aos executivos da empresa. Kaiser lista cinco principais atividades do cargo: 1) orientar e definir a estratégia da empresa; 2) monitorar a gestão; 3) gestão de recursos humanos; 4) gestão de risco dos negócios; e, quando é o caso, 5), acompanhar as estratégias ligadas à responsabilidade socioambiental.
O coordenador do IBGC também recomenda que o conselheiro não passe mais de três ou quatro anos no cargo. "É preciso ter um mandato para não perder a independência. É um ponto central dessa função."
Momento
Membro do Conselho de Administração da Bematech, empresa paranaense de soluções em automação para o varejo, o executivo Wolney Betiol diz que, na escolha dos membros do conselho, a companhia deve avaliar o momento pelo qual passa. "Se é uma empresa que está numa fase de expansão internacional, é bom buscar um executivo que conheça bem desta área. Em geral, é importante que o conselheiro conheça o mercado em que a empresa atua, a lógica e a dinâmica do setor", afirma ele. Betiol também é conselheiro da empresa de capital de risco da Califórnia ViaSphere International.
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