A ata da reunião deste mês do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) - realizada em 16 e 17 de agosto e que manteve a taxa básica de juros em 19,75% ao ano - mostra que, apesar da recente escalada de preços do petróleo no mercado internacional, o BC manteve a estimativa de aumento zero para a gasolina e o gás de cozinha em 2005.
Apesar da boa perspecticva, a ata mostra que o Copom mantém a cautela: "É forçoso (...) reconhecer que (...) o cenário central de trabalho para a evolução dos preços do petróleo vem se tornando progressivamente menos plausível e que, portanto, aumentaram significativamente os riscos à sua concretização, riscos que poderiam se materializar em uma elevação nos preços domésticos da gasolina em 2005. Além disso, independentemente do que ocorra com os preços domésticos da gasolina, deve-se sempre ter em conta que a elevação dos preços internacionais do petróleo desde já representa um fator de risco para a trajetória futura da inflação, dado que se transmite à economia doméstica por intermédio dos seus efeitos sobre os preços de insumos derivados do petróleo, bem como sobre as expectativas dos agentes econômicos", diz a ata.
Por outro lado, o Copom vê poucos riscos externos à política monetária e dá sinais de que poderá iniciar um processo de corte na taxa básica em breve: "O Copom avalia que, não obstante a elevação recente dos preços internacionais do petróleo, que representa um risco significativamente maior do que havia sido avaliado na reunião de julho do Copom, o cenário externo continua favorável. Assim, continua se configurando, de maneira cada vez mais definida, um cenário benigno para a evolução da inflação. Tal como na reunião de julho, o Copom enfatiza que o principal desafio da política monetária nesse contexto é garantir a consolidação dos desenvolvimentos favoráveis que se antecipam para o futuro".
E continua: "A consolidação dos desenvolvimentos favoráveis que vêm sendo observados para os principais índices de preços deverá contribuir de forma importante para reduzir a incerteza em relação ao comportamento futuro da inflação, tornando mais fácil tanto a avaliação de cenários pela autoridade monetária quanto a coordenação de expectativas dos agentes privados. Da mesma forma, a persistência de uma postura mais ativa de política monetária em um contexto em que os indicadores de atividade têm mostrado repetidos sinais de vigor e uma parcela dos resultados favoráveis para a inflação de curto prazo responde a fatores pontuais, que tendem a apresentar alguma reversão no futuro, poderá fazer com que a inflação se aproxime de forma mais consistente dos objetivos estabelecidos para horizontes mais curtos. Como conseqüência desse processo, as expectativas para horizontes mais longos poderão ser afetadas de forma mais duradoura, reduzindo sobremaneira os custos associados à convergência da inflação para a trajetória de metas estabelecida para a atuação da autoridade monetária".