Para o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) - que na semana passada decidiu cortar meio ponto da taxa básica de juros - as atuais pressões inflacionárias, determinada pelos efeitos do reajuste dos preços dos combustíveis, não terão efeito de longo prazo.
A informação está na ata da reunião da semana passada, documento muito aguardado pelo mercado e divulgado nesta quinta-feira. Com essa informação, o Copom dá mais fôlego à tese de que em novembro e dezembro haverá mais dois cortes de 0,5 ponto na taxa Selic, os juros que servem de referência para a economia do país.
Levando em conta, porém, que esses efeitos inflacionários ainda não se esgotaram, diz a ata que "é provável que continuem sendo captados nos indicadores de inflação a serem divulgados nas próximas semanas". Para o BC, no entanto, essas pressões não devem contaminar a inflação num prazo mais longo.
A idéia de que doses maiores de corte de juros não prejudicam o controle da inflação está no seguinte trecho: "a flexibilização da política monetária não comprometerá as importantes conquistas dos últimos meses no combate à inflação e na preservação do crescimento econômico com geração de empregos e aumento da renda real".
Ainda segundo a ata da reunião da semana passada, tanto os resultados recentes da inflação quanto as projeções do BC e dos economistas sugerem que foi acertada a política monetária adotada desde setembro do ano passado, quanto teve início a série de nove altas consecutivas na taxa Selic, os juros que servem de referência para a economia do país.
O aperto monetário começou em setembro de 2004, quando a Selic subiu de 16% para 16,25% ao ano. O Copom elevou a taxa mensalmente até maio passado, quando ela chegou a 19,75% ao ano. Em setembro, veio o primeiro corte após um ano, de 0,25 ponto percentual. Foi em outubro que o Copom acelerou o ciclo de queda da taxa, quando foi decidido o corte de meio ponto nos juros básicos, que caíram de 19,5% para 19% ao ano.
Diz ainda a ata, que " a atividade econômica deverá continuar em expansão, mas em ritmo condizente com as condições de oferta, de modo a não resultar em pressões significativas sobre a inflação. Além disso, a despeito do aumento observado recentemente na volatilidade nos mercados financeiros internacionais e do fato de os preços de petróleo ainda continuarem em níveis elevados, o cenário externo permanece favorável, particularmente no que diz respeito às perspectivas de financiamento para a economia brasileira".O Comitê voltará a se reunir em 22 e 23 de novembro.