Na ata da reunião da semana passada, em que foi decidida, pelo segundo mês seguido, a manutenção da taxa básica de juros da economia, a Selic, em 19,75% ao ano, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) sugere que o cenário está mais favorável ao controle da inflação. O texto não é claro quanto à possibilidade de corte na taxa de juros já em agosto.

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A ata é o principal meio de comunicação do Copom com o mercado. Um tom mais otimista no documento poderia levar o mercado a projetar um corte na taxa já na reunião de agosto, embora as apostas majoritárias sejam de redução na Selic somente a partir de setembro.

Ao contrário da avaliação inicial feita por analistas de mercado, para economistas, a ata indica, sim, que o BC deve começar a reduzir as taxas de juros da economia no mês que vem. Na ata, o BC repete uma frase usada no relatório do mês passado: a de que haverá a "manutenção da taxa de juros básica por um período suficientemente longo de tempo".

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O mercado financeiro interpretou que isso seria uma indicação de que os juros só cairão daqui a muito tempo. Mas, para alguns economistas, a ata deu sinais claros de que o cenário para a inflação é positivo e que, portanto, há espaço para um corte de juros já em agosto.

Marcel Pereira, economista-chefe da RC Consultores, acredita que os juros devem ser reduzidos em 0,25 ponto percentual em agosto e não descarta a hipótese de um corte de meio ponto percentual no mês que vem. Para Pereira, ao afirmar na ata que "na eventualidade de se verificar uma alteração no cenário prospectivo traçado para a inflação neste momento pelo Comitê, a estratégia de política monetária será prontamente adequada às circunstâncias", o BC sinalizou que há espaço para cortar os juros em agosto.

Em relatório distribuído nesta quinta-feira, o Bradesco destaca a mesma frase e afirma também que os juros devem cair em agosto. O Bradesco lembra que, na ata do Copom de junho, havia esta frase, porém com uma diferença: falava-se em "exacerbação de riscos que implique alteração do cenário prospectivo traçado para a inflação" e não em "alteração no cenário". Essa mudança de vocabulário, na avaliação do Bradesco, mostra que o Copom está mais otimista agora.

O Copom reafirma no documento, divulgado na manhã desta quinta-feira, que os efeitos do ciclo de aumentos da taxa, iniciado em setembro do ano passado, continuam sendo sentidos tanto nos índices de inflação quanto nas projeções, que se aproximam da meta ajustada do BC, de 5,1% para este ano. De acordo com pesquisa do Banco Central com cerca de cem instituições financeiras, a projeção do mercado para a inflação pelo IPCA para 2005 está em 5,5%.

Ainda de acordo com o documento, o ritmo de crescimento, embora em expansão, está " mais condizente com as condições de oferta", de modo a não resultar em pressões inflacionárias. O membros do comitê também vêem melhora no cenário externo, apesar da " permanência de níveis elevados para os preços internacionais do petróleo".

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Também nesta quinta-feira, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulgou que o Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M) apurou deflação de 0,34% em julho, taxa um pouco menor que a deflação de 0,44% do mês anterior. A queda de preços mostrada pela FGV é mais um indicador de que a taxa de juros pode cair.

É devido aos juros altos e à desaceleração dos preços que há dez semanas o mercado vem reduzindo a expectativa de inflação para este ano.