“Procuramos gente criativa para mudar o mundo”. O recado está no mural de conexões – algo como um painel de classificados – do Four Coworking, em Curitiba. A ideia, que já teve ares de utopia, é atualmente a máxima dos coworkings, dos mais tradicionais aos alternativos. Os espaços de estações de trabalho compartilhadas e salas privativas se tornaram moda entre freelancers, escritórios pequenos e pessoas que não se adaptavam ao trabalho home office. Hoje, o número de grandes empresas e multinacionais que alocam parte de suas equipes em coworkings é crescente. O interesse surgiu com o notável rendimento das pessoas que atuam nesses espaços e a identificação com a ideologia do local.
Um artigo publicado em setembro de 2015, na “Harvard Business Review”, estudou a prosperidade no trabalho e apontou que a média dos níveis de prosperidade das pessoas que trabalham em coworking – os coworkers – atinge a marca 6 numa escala de 7 pontos. Esse rendimento, segundo os autores do artigo, é consequência do estilo de trabalho adotado nos espaços. Os coworkers têm liberdade para fazer seus horários e elencar as prioridades de sua rotina. Se precisam sair do trabalho para um compromisso pessoal, por exemplo, podem flexibilizar seus horários para isso.
Muitos administradores de coworkings promovem workshops para melhorar o foco e a produtividade dos colaboradores. Equipes específicas analisam o perfil dos clientes (inclusive o que eles compartilham nas redes sociais) e promovem conexões. Para Ricardo Dória, fundador da Aldeia Coworking, a rede formada entre as pessoas é o grande bônus dos espaços compartilhados. “O problema do escritório fechado é que você loca o espaço, assume um custo fixo alto e se isola. E se você se isolar no meio de sociedade que está em completa transformação, com oportunidades aparecendo e desaparecendo, você está jogando contra o seu próprio negócio”, afirma.
Coworkings do mundo todo levantam a bandeira de que são um movimento, uma rede de empreendedorismo. O Coworking Manifesto, documento online assinado por mais de 2 mil membros de coworkings, apresenta valores como colaboração, comunidade, participação ativa e sustentabilidade. A identificação dos coworkers com o ambiente em que trabalham é outra razão pela qual eles prosperam. A partir do momento em que se veem num grupo de pessoas que quer fazer a diferença, cada um em sua área, eles percebem que sua função vai além de números que indiquem um bom rendimento. O ambiente competitivo das empresas convencionais dá lugar ao espírito colaborativo, que busca resultados significativos para a sociedade.
Os administradores dos coworkings estudam o tempo todo novas formas de promover qualidade e aceleração no trabalho. Entrada de luz natural, poucas paredes e teto alto são recursos usados para criar um ambiente em que, acreditam, a criatividade flui melhor.