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Aumento

Crédito ao consumidor deve chegar a R$ 190 bilhões em 2006

Responsável pelo crescimento da economia em 2005, ao lado das exportações, o crédito ao consumidor mostra fôlego para continuar em alta em 2006. A projeção é que alcance a cifra de R$ 190 bilhões no ano que vem, confirmada a expectativa dos bancos, que estimam um aumento médio de 25,08% no volume de crédito para pessoas físicas.

- Em 10 anos, o valor do crédito concedido para pessoa física passou de R$ 35 bilhões para R$ 150 bilhões no período, um crescimento de 328%, ou seja, 4 vezes mais. Foi um crescimento saudável, de 20% ao ano, que deve continuar - disse Álvaro Musa, diretor da Partner Consultoria.

Segundo o economista Emílio Alfieri, da Associação Comercial de São Paulo, a oferta de crédito, que aumentou muito principalmente no primeiro semestre deste ano, tende a crescer ainda mais se o Banco Central continuar a reduzir a taxa de juro. As reduções, promovidas pelo Comitê de Política Monetária (Copom) por três meses consecutivos, baixaram a taxa básica da economia de 19,75% para os atuais 18% ao ano.

Embalado pelas parcerias entre bancos e grandes redes de varejo e pelo empréstimo consignado (com desconto direto em folha de pagamento e juro mais baixo), nem mesmo a possibilidade de inadimplência reduz o ânimo do mercado.

Para Musa, da Partner, o importante é que o crescimento do crédito ocorreu sem aumento significativo da inadimplência. No período, o endividamento passou de um salário para um salário e meio.

- Esse endividamento é perfeitamente suportável. Nos Estados Unidos, por exemplo, o nível de endividamento chega a 12 salários. Estamos longe de um percentual alto - diz Musa.

Em 2002, houve um surto de inadimplência, que chegou a 13% do total (dívidas não pagas por mais de 90 dias). Esse ano, com a diversificação de produtos, a inadimplência pode aumentar, mas em patamar baixo, chegando, no máximo a 6%, segundo Musa. Ele disse que algumas pessoas exageraram nas compras e se endividaram, mas devem aproveitar o 13º salário para quitar os débitos.

- O risco com o consignado é baixo. Além disso, os bancos também estão fazendo inúmeras campanhas para que o consumidor use adequadamente o crédito, ou seja, tenha responsabilidade - afirmou o diretor da Partner.

A parceria dos bancos com as redes de varejo também tem sido instrumento importante para a concessão do crédito. No fim de 2004, o Bradesco, maior banco privado do país, fechou acordo com a Casas Bahia para financiamento ao consumidor. A parceria surpreendeu os dirigentes do banco. O negócio saiu do zero para R$ 750 milhões em junho deste ano e, agora, já soma R$ 1,5 bilhão. Com a nova estratégia, o total de empréstimos do Bradesco por meio de parcerias com lojistas já chega a R$ 5,238 bilhões. No ano passado, Itaú e Pão de Açúcar também anunciaram a criação de uma sociedade para prestação de serviços financeiros.

- Há diversificação de oportunidades. A concorrência torna as taxas mais baixas também - disse Musa.

O governo compartilha a visão de que o crédito continuará importante para impulsionar a economia em 2006. No início de dezembro, o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, afirmou aos empresários que o crédito ao consumo será o principal fator a impulsionar o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no ano que vem.

No relato sobre o encontro com o ministro, Cláudio Vaz, presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) afirmou ter ouvido de Palocci que o crédito consignado não esgotou o potencial de apoio ao consumo.

Com maior oferta de crédito e mais confiante de que permanecerá no emprego e que a sua renda ainda poderá aumentar um pouco em 2006, o consumidor deve continuar comprando e tomando empréstimos no ano que vem.

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