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aviação civil

Cresce o número de ases indomáveis

Futuros pilotos, Elias Medeiros e Miquely Marchioni cursam Ciências Aeronáuticas em Londrina | Roberto Custódio/Jornal de Londrina
Futuros pilotos, Elias Medeiros e Miquely Marchioni cursam Ciências Aeronáuticas em Londrina (Foto: Roberto Custódio/Jornal de Londrina)

Profissão mais cobiçada da aviação civil, a carreira de piloto tem atraído mais brasileiros nos últimos anos. Segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o número de pilotos e copilotos no país cresceu 42% de 2009 a 2012, passando de 4,7 mil para 6,3 mil. Em todo setor, o crescimento do total de empregados foi de 23%, no mesmo período.

Além da demanda das companhias comerciais, o maior número de pilotos também está ligado à aviação civil. Conforme a Anac, a procura por aeronaves para viagens particulares cresceu 55% nos últimos 13 anos. Os jatos particulares equivalem a 35% da frota nacional.

Em toda a Região Sul, a frota da aviação geral cresceu 7% em 2013 em relação ao ano anterior, com a adição de 139 aeronaves. No Paraná, o aumento foi de 76 unidades, sendo o estado responsável pelo crescimento de 11% da frota total do país.

Para o coordenador do curso superior de Gestão em Tecnologia da Aviação Civil da Universidade Tuiuti do Paraná, Genésio Seixas, o cenário demonstra que pilotos estão encontrando oportunidade em outras áreas além das companhias aéreas, como a aerodesportiva, aviação agrícola e executiva. "Se pensarmos que vivemos em um país continental e que não somos bem atendidos por estradas, além da questão do tempo, veremos que a aviação tem muita oportunidade", aponta.

Mais acessível

A popularização deste meio de transporte é outro fator que contribuiu para a oferta de trabalho na área, argumenta o diretor de ensino do Aeroclube do Paraná, Carlos Lobo. O Aeroclube é referência no país na formação de pilotos privado e comercial. "Embora ainda esteja caro voar, o transporte aéreo se tornou mais acessível. Já é possível encontrar passagens mais baratas que as de ônibus", sustenta.

O mesmo argumenta o professor Luiz Nogueira Galetto, da Academia de Ciências Aeronáuticas Posi­tivo (Acap), de Curitiba. "Ou­tras classes sociais além da A e B podem voar e isso aqueceu o mercado. As empresas começaram a comprar mais aviões e para cada um precisam de até seis tripulações, cada uma com dois pilotos", exemplifica.

Apesar do bom momento, o piloto Matheus Ghisleni, diretor do Sindicato Nacional dos Aeronautas, lembra que o setor já foi mais aquecido. "A aviação tem ciclos bons a cada quatro, cinco anos. Até metade de 2011, as empresas cresceram bastante, houve muitas contratações. Depois disso, tivemos uma estagnação", diz. Mesmo assim, o sindicalista é otimista em relação aos próximos anos. "Como estamos com muitos pilotos preferindo voar para fora do país, em função de ofertas atrativas de companhias internacionais, a tendência é que novas vagas se abram por aqui."

Formação exige dedicação e investimento

Crescer em um aeroclube facilitou a escolha da estudante Miquely Marchioni, 20 anos, sobre a carreira. Ela saiu de Andirá, no Norte Pioneiro, para fazer um curso de piloto privado em Curitiba. Em seguida, entrou em Ciências Aeronáuticas, na Universidade do Norte do Paraná (Unopar), em Londrina. "Não tem muita mulher no ramo. Na minha cidade, vou ser a primeira piloto mulher", comenta. Ela pretende trabalhar com aviação agrícola. O colega Elias Aquiles de Medeiros, 19 anos, está no último semestre do curso de três anos e tem como meta chega às linhas áreas internacionais. Ele acredita que a graduação em Ciências Aeronáuticas pode ajudar a conseguir uma vaga nas companhias de aviação comercial. "O curso é essencial hoje", defende. Segundo o professor Fernando Torquato Leite, a falta do curso superior tem sido critério de corte nas seleções para piloto. O inglês também é fundamental para a profissão. Custo elevado

Para a atuar na aviação comercial, o piloto precisa fazer cerca de 150 horas de voo. As aulas práticas custam em torno de R$ 350 por hora em aeroclubes e escolas de aviação. O retorno, no entanto, pode ser atrativo. Nos táxi-aéreos, a remuneração não sai por menos de R$ 250 a hora. Na aviação agrícola, pode-se receber em torno de R$ 200 mil por safra. Nas companhias internacionais, o salário de um piloto com mais de mil horas de voo pode chegar a US$ 20 mil, de acordo com o Sindicato Nacional dos Aeronautas.

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