Medo do futuro, palpitações, insônia, falta de ar, sensação de paralisia. Situações assim, que descrevem alguns dos sintomas de ansiedade, têm levado mais pessoas ao afastamento do trabalho.
Dados da Secretaria de Previdência mostram que as concessões de auxílio-doença por transtornos de ansiedade cresceram 17% em quatro anos: de 22,6 mil, em 2012, para 26,5 mil, em 2016.
Nesse período, as despesas com o benefício à União foram de R$ 1,3 bilhão.
A ansiedade já responde por dois em cada dez afastamentos por transtornos mentais e comportamentais, categoria que também abrange depressão, esquizofrenia e problemas relacionado ao uso de drogas.
Fica atrás apenas de depressão, que responde por três em cada dez concessões desse tipo de benefício. O auxílio-doença é previsto para segurados do INSS acometidos por doenças que impeçam o trabalho.
Para especialistas, entre os fatores para o aumento dos afastamentos por ansiedade, estão a crise econômica e a maior conscientização sobre a doença, o que colabora para diagnóstico e tratamento.
“Doenças psiquiátricas menores, em que o estresse e ambiental é um fator para desencadeamento, aumentam em época de crise econômica, porque cresce a insegurança”, afirma Márcio Bernik, coordenador do ambulatório de ansiedade do Instituto de Psiquiatria da USP.
Ansiedade, segundo ele, é mais comum que depressão, mas é menos diagnosticada.
“É desafiador enfrentar transtorno mental porque é subjetivo”, afirma o subsecretário da Previdência Social Benedito Brunca.
Bernik diz que a incapacitação profissional é um dos fatores que ajudam a diagnosticar quando a ansiedade é uma doença. “O que vai determinar se é uma doença ou não é o sofrimento excessivo e prejuízo funcional”, diz.
Hoje, transtornos mentais e de comportamento são o terceiro maior motivo de afastamento do trabalho, atrás de lesões e doenças do sistema osteomuscular.
Afastamento
“Comecei a ser muito pressionado. Quando vi, estava doente”, afirma o bancário Webert Maciel, 28. Segundo ele, a doença começou após ter sofrido assédio moral no trabalho.
“Tinha pânico de sair de casa. Passava cinco dias sem dormir e comecei a desmaiar. Era depressão profunda.”
Mesmo com laudo de três médicos e dois psicólogos, ele diz que teve de recorrer à Justiça para comprovar no INSS que o quadro tinha ligação com o trabalho.