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Temporada de recrutamento

Currículo em vídeo é a nova tendência das seleções de trainees

A trainee Beatriz Martins Lopes Amorim estudou três dias para gravar seu vídeo de apresentação | Divulgação Grupo SolPanamby/
A trainee Beatriz Martins Lopes Amorim estudou três dias para gravar seu vídeo de apresentação (Foto: Divulgação Grupo SolPanamby/)

Para concorrer a uma vaga de trainee no Grupo SolPanamby, de São Paulo, Beatriz Martins Lopes Amorim, 23 anos, precisou fazer um vídeo contando alguma experiência que tivesse a ajudado a se desenvolver. Tendência entre as seleções de novos talentos, a utilização desse tipo de tecnologia permite ao candidato abusar da criatividade e, por substituir fases presenciais, facilita a vida de quem mora longe.

Beatriz, por exemplo, era de Minas Gerais e a novidade, que excluiu a apresentação pessoal das dinâmicas da empresa, reduziu o tempo que a candidata precisou dispender durante o processo. A Responsável pela área de treinamento e desenvolvimento da companhia, Eneida Moratto Lopes, explica que, dos 6 mil inscritos, 200 passaram para as atividades em grupo e tiveram que gravar um vídeo em casa. “Sempre havia gente agradecendo por termos feito a troca”, diz.

A trainee contou em seu vídeo que o maior desafio de sua vida foi ter saído de casa para estudar Ciências Contábeis, na Universidade Federal de Viçosa, em Minas Gerais, e detalhou esta vivência. Antes da gravação, estudou três dias, como se fosse apresentar um trabalho, escreveu suas ideias para ver se faziam sentido, e as repetiu em voz alta várias vezes. Em 44 segundos, deu uma amostra objetiva de sua competência e foi selecionada.

A quem se prepara para processos do tipo, a trainee dá a seguinte dica: fale sobre algo que você realmente domina. Não invente uma história. “Não é porque a maioria das pessoas fala de experiência internacional, por exemplo, que você precisa falar também”, aconselha.

O olhar do recrutador

Beatriz fez a coisa certa. Segundo a professora de gestão de pessoas da PUCPR, Daniella Forster, é necessário que o candidato se conheça para poder pontuar de que forma vai se destacar. “Não se pode criar um personagem. A companhia quer saber quem é você de verdade”, diz. Daniella destaca que, quando o candidato está pouco seguro,evidencia esse estado de espírito desviando o olhar e se perdendo na fala. Isso corrobora muito para uma desclassificação.

Fazer um roteiro do que vai ser dito é uma excelente estratégia, segundo o coach Silvio Celestino. Mas em vez de decorar o conteúdo, o candidato precisa compreendê-lo ao ponto de transmiti-lo seguramente de forma clara e bem estruturada.

Valores em foco

A cadeia de valores do candidato é outro aspecto analisado. O processo seletivo do trainee do Citi Bank é um bom exemplo disso. A superintendente adjunta de RH, Andrea Aiwaka, explica que o recrutamento do banco prevê a gravação de um vídeo na hora e o candidato deve responder três perguntas sobre assuntos da atualidade. O componente mais avaliado é o conteúdo dito. Além de checar a capacidade de improviso do indivíduo e verificar se ele está antenado, o método examina se a forma como o jovem pensa está de acordo com o que a empresa espera.

Selecionado no ano passado pelo Citi, Eduardo Abreu Lopes Cançado, 25 anos, teve de sugerir soluções para a crise dos refugiados, o conflito entre Palestina e Israel e o aquecimento global. Por dominar o panorama entre palestinos e israelenses, conseguiu cunhar uma argumentação clara, mediante uma sequência lógica com introdução, argumentação e conclusão. O jovem acredita que essa receita o tenha colocado à frente de muitos concorrentes.

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