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BERNT ENTSCHEV

De azarão a favorito

Muitas vezes narrei histórias de personagens surpreendentes, cujas trajetórias de sucesso servem de exemplo para todos que estão no mercado de trabalho. No entanto, o artigo de hoje se diferencia porque traz algo de fantástico, embora seja uma descrição fiel à realidade. Pretendo, com esse conto, mostrar ao leitor que não há obstáculo que não possa ser superado com força de vontade, auto-estima e o apoio certo. Boa leitura!

Daniel tem hoje 50 anos. É um executivo bem-sucedido de uma multinacional com atuação em 19 países. Fala diversos idiomas, é comunicativo e muito eficaz no relacionamento interpessoal, além de conquistar metas incríveis em seu ramo. Quem não o conhece a fundo, jamais imagina as agruras por que passou e as dificuldades que enfrentou para chegar ao topo, ponto em que se encontra atualmente.

Abandonado por seus pais biológicos, o executivo cresceu em um orfanato, sem estímulos ou cuidados adequados. Como não tinha referências de família e possuía um espírito livre, Daniel, aos poucos, foi se identificando com a vida nas ruas. Passou a dormir ao relento, sem comida nem esperança de melhorar. E assim, sem rumo ou morada, viveu por alguns anos. Até que um dia, conheceu um ex-garoto de rua, que uma vez também se perdera ao longo do caminho. Aquele jovem havia encontrado auxílio em uma instituição beneficente, cujo propósito era capacitar meninos e meninas de baixa renda e, dessa forma, facilitar a inserção deles no mercado de trabalho.

A convite desse amigo, Daniel concordou em conhecer o trabalho feito pela entidade. Em poucas visitas ao local, o garoto se sentiu valorizado e demonstrou interesse em participar do trabalho empreendido ali. Então, de menor abandonado, Daniel passou a ser visto como uma promessa de futuro. Nesse período, aprendeu a escrever com perfeição e desenvolveu o gosto pela leitura. O tempo passado na entidade foi suficiente para moldar o temperamento de Daniel, que se tornou um jovem responsável, criativo e determinado.

Com o apoio dos professores, que se afeiçoaram a ele, Daniel foi indicado para a adoção. Seu caráter e perfil encantaram um casal de argentinos, que o acolheram prontamente, dando-lhe um sobrenome e uma história. Daniel passou por dificuldades para se adaptar aos novos pais, aos costumes diferentes e, sobretudo, à língua estrangeira. Mas, com a determinação adquirida na instituição, conseguiu superar todos os limites impostos a ele pela vida.

Seus pais adotivos tiveram papel fundamental nessa trajetória de êxitos, pois jamais deixaram de lembrar a Daniel suas raízes. Eles foram responsáveis por incutir nele os valores éticos que tem hoje, bem como o interesse pela arte e pelas pessoas. O suporte familiar que recebeu, mesmo tardiamente, garantiu-lhe uma vida profissional bem-sucedida. Daniel foi promovido diversas vezes e transferido para vários países de língua espanhola, idioma que aprendeu com a nova família.

O passado difícil fez de Daniel um homem realista, prático e objetivo. Em contrapartida, o amor e o afeto que conheceu na instituição e após a adoção fizeram dele uma pessoa visionária, criativa e esperançosa. Essas qualidades, equilibradas, construíram um profissional diferenciado, capaz de alavancar resultados e romper qualquer barreira administrativa. Daniel, hoje, sabe que sua história poderia ter sido traçada de outra forma se não tivesse encontrado as pessoas certas, que o apoiaram e incentivaram incondicionalmente. Por isso, ele faz questão de motivar seus subordinados, transmitindo-lhes ânimo e fornecendo a eles uma perspectiva de crescimento profissional.

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Todo ser humano, se bem direcionado, é capaz de estabelecer para si parâmetros altos. Melhor ainda: toda pessoa tem a capacidade de romper paradigmas ditados pela sociedade, superando seus próprios limites. Basta que lhe sejam fornecidos suporte e afeto. Qualquer um, ainda que considerado um azarão, pode surpreender e dar a volta por cima. Isso vale para os nossos filhos, empregados e para os considerados párias.

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SAIBA MAIS...

Sacolas ecológicas

Desde maio de 2004, o grupo Pão de Açúcar disponibiliza aos clientes de uma de suas lojas na cidade de São Paulo sacolas biodegradáveis. Por mês distribuem-se 360 mil dessas sacolas, às quais é incorporado um aditivo que acelera a decomposição do plástico quando exposto à luz, umidade e temperaturas acima de 30ºC, causando o rompimento da cadeia molecular dos átomos que compõem o material. O processo de degradação geralmente tem início três meses após o descarte da sacola e se completa em no máximo cinco anos – enquanto o plástico comum precisa de mais de cem anos para se decompor. O novo tipo de sacola é reciclável e se mantém em boas condições de uso durante dois anos se guardada longe dos fatores que aceleram sua decomposição. A implantação das sacolas "ecológicas" nos outros supermercados da rede ainda está sendo estudada.

Bernt Entschev é presidente do Grupo De Bernt. Empresário com mais de 36 anos de experiência junto a empresas nacionais e internacionais. Fundador e presidente do grupo De Bernt, formado pelas empresas: De Bernt Entschev Human Capital, AIMS International Management Search e RH Center Gestão de Pessoas. Foi presidente da Manasa, empresa paranaense do segmento madeireiro de capital aberto, no período de 1991 a 1992, e executivo da Souza Cruz, no período de 1974 a 1986

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