Lúcio mudou de emprego em busca de uma remuneração melhor. Deixou a empresa onde atuava havia três anos e ingressou em outra maior, com possibilidades de crescimento na carreira. Manteve-se na mesma área, a de informática, e assumiu praticamente as mesmas responsabilidades que tinha na organização anterior. Estava feliz consigo mesmo, satisfeito com a oportunidade e com as perspectivas. Porém, não conseguiu integrar-se ao departamento e ao sistema de trabalho logo de início.

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O profissional estava acostumado a uma metodologia específica, a certos procedimentos de trabalho que não eram utilizados na nova empresa. Isso o desanimou um pouco, pois teria que reaprender tudo o que havia assimilado durante o tempo em que esteve na outra organização. Então, passado o período de integração, que naquela empresa durava três dias, Lúcio precisou colocar a mão na massa e começar a produzir. Ele sabia que no mundo corporativo a produtividade é medida a todo momento e que sua fase inicial não seria poupada de avaliações.

Mas, por mais que se esforçasse, Lúcio não entendia os procedimentos utilizados. Pediu, então, auxílio ao colega que sentava ao lado de sua mesa. Era um rapaz jovem, muito simpático e solícito. Demonstrando empatia, ele naquele dia fez praticamente todo o trabalho que cabia ao novo colaborador. Lúcio ficou muito agradecido e sentiu que iria se adaptar em pouco tempo. No entanto, no dia seguinte, ele ainda teve muitas dificuldades para entender a dinâmica do trabalho. Dessa vez, pediu ajuda a uma colega, também muito gentil. Da mesma forma, naquele dia ela acabou executando todo o serviço de Lúcio.

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Nas outras semanas, embora já tivesse assimilado muito dos procedimentos, Lúcio ainda não se sentia à vontade para trabalhar com autonomia completa. Ficava, constantemente, perguntando aos colegas o que e como executar algo. Como na maioria das ocasiões custava a compreender, os colegas acabavam executando o seu trabalho. Eles achavam que era mais rápido e eficiente fazer as tarefas de Lúcio do que tentar ensiná-lo. Ele, por sua vez, não achou ruim a postura adotada pelos companheiros, que sempre terminavam por fazer a parte dele.

Após um mês de empresa, Lúcio já se sentia muito confortável: ele havia se adaptado muito bem ao sistema de pedir ajuda aos colegas e deixar que, ao final, eles fizessem suas atividades. Sua simpatia e cordialidade lhe garantiam esse processo de empurrar trabalho para os outros. Apesar de alguns já reclamarem de sua falta de iniciativa, Lúcio explicava que era melhor que eles vistoriassem suas tarefas, a fim de evitar erros que poderiam prejudicar toda a equipe. Justificava, ainda, dizendo que no seu emprego anterior tudo era diferente e que lá ele estava bastante adaptado. Pedia paciência e sorria humildemente. E a encenação funcionava sempre.

Porém, após três meses, sua postura continuava a mesma. O que mudou foi a atitude dos colegas, que levaram o problema para a diretoria do Departamento. Assim, Lúcio foi desligado e agora tenta – sem sucesso – voltar para seu emprego anterior.

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Quando algo vem de mão beijada, temos a tendência de não valorizar, de não nos esforçarmos para manter. No caso do personagem do artigo, a ajuda sistemática oferecida pelos colegas dificultou o aprendizado, que é de responsabilidade individual. Existe um período de tolerância para o profissional que se propõe a aprender algo. Passado esse tempo, a organização e o mercado começam a cobrar resultados palpáveis – não bastam boas intenções. Por isso, por mais acolhedora que seja uma empresa, o profissional precisa lembrar que foi contratado para gerar resultados, para aumentar a produtividade. Se ele não é capaz de auxiliar o processo, será, conseqüentemente, substituído.

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SAIBA MAIS...

O Projeto Sou do Bem, que teve início em 2005, é uma iniciativa da Associação de Registro de Pessoas Naturais de Santa Catarina (Arpen-SC) em parceria com a TV Barriga Verde, as Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc) e o Sesc-SC. Atendendo todo o Estado de Santa Catarina, o objetivo do projeto é promover os direitos básicos de cidadania para a comunidade carente. No ano de 2006 foram realizadas 13 etapas, nas quais mais de 60 mil pessoas foram beneficiadas.

Em cada etapa são emitidos gratuitamente certidões de nascimento e casamento, identidade, carteira de trabalho e título de eleitor, além de oferecidos serviços na área social, da saúde e da educação. O projeto conta com o apoio de empresas privadas como a Vonpar Refrescos, Plastkolo, Ultra Escovas Dentais, Brasil Telecom, Campgraf, Goldien, Alusupra, entre outras.

Bernt Entschev é presidente do Grupo De Bernt. Empresário com mais de 36 anos de experiência junto a empresas nacionais e internacionais. Fundador e presidente do grupo De Bernt, formado pelas empresas: De Bernt Entschev Human Capital, AIMS International Management Search e RH Center Gestão de Pessoas. Foi presidente da Manasa, empresa paranaense do segmento madeireiro de capital aberto, no período de 1991 a 1992, e executivo da Souza Cruz, no período de 1974 a 1986

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