Observando o universo político e comparando com o cotidiano das empresas, sente-se mundos tão diferentes que chega a ser inacreditável. Claro que as lógicas são diferentes e que as habilidades e competências necessárias às funções também, porém, essas realidades são tão distintas que parecem de países diferentes. Os valores de uma não fazem sentido na outra e vice-versa.
Se encontramos forças e energia para trabalhar frente ao desalento que toma conta das pessoas diante do cenário político não deixa de ser pela característica complacente do brasileiro que vai levando, alheio aos dramas das malas de dinheiro que transitam de lá para cá. Alheio na prática política, porque no espírito sente-se mal, deprimido, desesperançado.
O povo trabalha e segue no seu cotidiano buscando viver melhor dentro de suas possibilidades. A política segue seu roteiro de manutenção do poder e de estratégias frente às eleições de 2006.
As empresas apostam todas as fichas na qualidade, na sobrevivência, no planejamento, na vontade de dar certo e cada vez melhor. Haja forca! Haja vontade!
Como ter vontade de pagar impostos quando não temos benefícios em troca da contribuição? Como buscar uma pitada de lazer se não temos segurança mínima? Como indicar médicos e usar o sistema de saúde pública se não sentimos a menor confiança? Assim por diante...
Ora, as pessoas trabalham, contribuem para o crescimento do país e do aumento de impostos, da renda. "E daí?", perguntam alguns, "de que adianta se uma ação governamental põe tudo a perder?" .
Permitam-me divagar entre banalidades que não levam a nada...Se escrever sobre empresas, sinto-me culpada em minha cidadania. Se escrever sobre política, pareço nada acrescentar. O pessimismo - que não tenho! - não soma, pelo contrário, reduz possibilidades. Acredito sim no ser humano, nesse país que vejo todos os dias: positivo; trabalhador; honesto. Ainda que sofra tropeços no dia a dia, minha esperança não se esvai e a razão é muito simples! As pessoas com quem convivo, as empresas por onde trabalho, os ambientes em que faço palestras ou dou cursos não tem nada a ver com o país político da mídia que esgota energia.
São duas realidades, dois países diversos, antagônicos e complementares. Valores que divergem, cenários contraditórios, futuro distinto. Duas realidades, dois caminhos. Por isso o otimismo sobrevive.
Maria Christina de Andrade Vieira, empresária e escritora, autora de Herança (Ed.Senac-SP), Cotidiano e Ética: crônicas da vida empresarial (ed. Senac-SP).chris@onda.com.br www.andradevieira.com.br
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