O dólar caiu mais 0,65% nesta quarta-feira e atingiu novo piso no ano ao fechar valendo R$ 2,278 na compra e R$ 2,280 na venda. É a menor cotação desde 10 de abril de 2002. O grande destaque do dia foi o risco-país, que chegou à mínima de 373 pontos centesimais. No fechamento, o EMBI+ Brasil marcou 376 pontos, com queda de 1,31% (5 pontos), a menor cotação desde 23 de outubro de 1997, quando fechou em 374 pontos.
O mercado de ações não conseguiu consolidar mais um pregão de ganhos e a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou em baixa de 0,64% nesta quarta-feira, com o Índice Bovespa em 27.116 pontos. Os negócios totais na bolsa somaram R$ 1,855 bilhão, volume superior à média dos últimos dias.
CÂMBIO - A crise política continuou em segundo plano e mais uma vez não chegou a influenciar os negócios. Para o diretor do Modal Asset Management, Alexandre Póvoa, o mercado está "se agarrando" à aposta de que a crise política não irá levar a uma mudança na condução da economia. Segundo ele, os números do mercado estaria ainda melhores, não fosse a crise que afeta o governo e que coloca dúvidas sobre o futuro.
- Os fundamentos econômicos estão muito bem, obrigado. Mesmo com juros em alta, a atividade econômica surpreendentemente vem se mantendo e dá sinais de aquecimento. A exceção fica com os aumentos do petróleo, mas o Brasil tem conseguido compensar essa variável com ganhos nas commodities - disse ele.
De acordo com Póvoa, há uma resposta do mercado a fundamentos econômicos internos e externos, apesar de uma crise política séria.
- Esses números tendem a permanecer positivos, pelo menos até que surja um problema envolvendo o presidente, a Fazenda ou o Banco Central - afirmou.
Segundo informa Mário Battistel, diretor de câmbio da corretora Novação, o volume de negócios com o câmbio foi bastante reduzido nesta quinta-feira. Ainda assim, a cotação continuou a ceder levando em conta fatores como fluxo, menor tensão com o cenário político e tendência internacional de depreciação da moeda americana.
AÇÕES - Nos melhores momentos do dia, a bolsa paulista chegou a subir 1,15%, acompanhando o bom humor dos mercados em geral. A virada aconteceu no período da tarde, quando o barril do petróleo ultrapassou os US$ 64 e gerou nervosismo no mercado americano. As bolsas locais recuaram, influenciando a bolsa brasileira.
Para Nicolas Balafas, consultor de investimentos da corretora Planner, a queda da Bovespa pode ser considerada uma realização de lucros. Ele lembra que a bolsa vem registrando ganhos nos acumulados das últimas quatro semanas. Mesmo com a baixa desta quarta, há alta de 4,12% em agosto.
Alguns resultados de empresas também contribuíram para o desempenho negativo. A CSN teve queda de quase 42% no seu lucro do segundo trimestre, o que levou as ações a cair com força. CSN ON caiu 2,41%, bem acima da média do mercado.
Já Unibanco Unt disparou 3,71% e foi a maior alta entre as ações que fazem parte do Índice Bovespa, com o mercado à espera de um bom resultado semestral, a ser divulgado na quinta-feira. Bradesco PN veio em seguida, com alta de 3,10%, ainda repercutindo o lucro de R$ 2,6 bilhões entre janeiro e junho.
- O cenário externo está muito bom, o Brasil tem números macroeconômicos bastante positivos e há a sensação de preservação da imagem do presidente em meio à crise política. Esse quadro vem surpreendendo e garante resultados positivos na bolsa nos últimos dias - disse Balafas.
JUROS - As projeções dos juros negociadas na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) fecharam em queda generalizada. Além da queda do dólar e do risco-país, o destaque do dia foi a divulgação de dois importantes índices de inflação que indicaram desaceleração ou queda de preços.
O IPC-Fipe apontou taxa de 0,19% na primeira quadrissemana de agosto, contra 0,30% do mesmo período de julho. O IGP-M apontou deflação de 0,36% na primeira prévia do mês, contra deflação de 0,09% no mesmo período do mês passado. As taxas foram inferiores ao esperado e aumentaram as discussões a respeito do momento ideal do início dos cortes de juros.
Apesar de o mercado especular sobre a possibilidade de queda de juros já em agosto, não é isso o que mostram as apostas na BM&F. De acordo com a projeção do Depósito Interfinanceiro (DI) de setembro, a taxa Selic cairia apenas 0,08 ponto percentual este mês, o que significa que a grande maioria das apostas é de manutenção da taxa.
O Depósito Interfinanceiro (DI) de outubro fechou com taxa de 19,52% ao ano, contra 19,57% do fechamento de terça-feira. O DI de janeiro de 2006 fechou com 19% anuais, frente aos 19,08% anteriores. A taxa do DI de janeiro de 2007, o mais negociado, recuou de 17,68% para 17,58% anuais.
PARALELO -O dólar paralelo negociado em São Paulo fechou em baixa de 0,37% nesta quarta-feira, cotado a R$ 2,54 na compra e R$ 2,64 na venda. No Rio, o paralelo caiu 0,78%, a R$ 2,40 na compra e R$ 2,53 na venda. O dólar turismo de São Paulo caiu 0,40% no fechamento, a R$ 2,24 e R$ 2,44 na compra e venda, respectivamente.