Com uma queda de 1,50% o dólar fechou abaixo de R$ 2,30 e conquistou um novo piso neste ano. A moeda americana fechou cotada a R$ 2,293 na compra e R$ 2,295 na venda. É a primeira vez que a cotação fecha abaixo de R$ 2,30 desde 12 de abril de 2002. Os títulos da dívida externa se valorizaram e o risco-país caiu 1,55%, para 381 pontos centesimais.
A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou em alta pelo terceiro pregão consecutivo, puxada por uma série de notícias positivas no cenário econômico interno e externo. O Índice Bovespa fechou em 27.291 pontos - maior nível desde 21 de março -, com alta de 2,17%. Os negócios totais na bolsa somaram R$ 1,462 bilhão.
O mercado de câmbio começou o dia com volatilidade, mas definiu a tendência de baixa ainda no período da manhã. Desmentindo rumores da véspera, o secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, disse que não há urgência na retomada de compras de dólares. A notícia teve efeito imediato sobre o câmbio.
A tendência foi reforçada no período da tarde, depois que o Federal Reserve elevou em 0,25 ponto percentual a taxa básica de juros americana, pela décima vez seguida. A taxa agora é de 3,5% ao ano. Na interpretação de parte do mercado, os comentários do Fed sobre inflação e ritmo da economia americana podem ter sinalizado, discretamente, que está próximo o fim do ciclo de aumentos dos juros nos Estados Unidos.
- Há fundamentos econômicos suficientes para manter o dólar em tendência de depreciação. A balança comercial continua com superávits recordes e o diferencial de juros é um grande incentivo ao investidor estrangeiro. Além disso, a crise política parece já ter deixado seu auge para trás - disse Alexandre Sant'Anna, analista da ARX Capital Management.
Sant'Anna elogiou a decisão do Tesouro de ficar fora do mercado neste momento, o que tira dos investidores o grau de incerteza sobre um comprador de grande porte, mas que não avisa com antecedência sobre quando fará as aquisições, ao contrário do Banco Central.
- Todos os chamados "pisos psicológicos" do dólar têm sido colocados para trás. Também as análises de que a balança comercial sofreria com as quedas do dólar já têm mais de um ano, e o saldo só tem crescido. Na verdade, os exportadores vêm ganhando com o maior volume de embarques e o aumento dos preços dos produtos - afirma Sant'Anna.
AÇÕES - A terça-feira que tinha uma agenda extensa acabou por se revelar um dia positivo para o mercado de ações. O dia começou com a inflação de 0,25% do IPCA de julho, que apesar de ter subido frente à deflação de 0,02% de junho, ficou dentro do esperado pelo mercado. O depoimento do empresário Marcos Valério na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Mensalão não trouxe novidade significativa e ajudou a reduzir a tensão com o cenário político.
No cenário internacional, o destaque foi a decisão do Federal Reserve de elevar a taxa básica de juros americana em 0,25 ponto percentual, como previsto pelo mercado. Cresceram os rumores de que o Fed está perto de encerrar o ciclo de aumentos dos juros, que hoje estão em 3,5% ao ano. As bolsas americanas subiram.
A uma semana da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), também foram fortes as especulações de que a taxa Selic poderia cair entre 0,25 e 0,50 ponto percentual já em agosto. Uma eventual queda dos juros neste mês impulsionaria os negócios no mercado de ações, já que indica melhora no desempenho das empresas.
- Em meio ao noticiário positivo, o mercado continuou a especular com resultados trimestrais que estão para sair. Empresas como CSN, Vale do Rio Doce, Petrobas e Banco do Brasil estão para soltar seus resultados e a expectativa do mercado é positiva - disse Luiz Roberto Monteiro, consultor de investimentos da corretora Souza Barros.
Das 55 ações do Ibovespa, apenas três fecharam em baixa. São elas Light ON (-2,40%), Tractebel ON (-1,26%) e Tele Centro Oeste PN (-0,72%). As altas mais significativas do índice são de Comgás PNA (-7,02%) e Tele Leste Celular PN (+6,70%).
JUROS - As projeções dos juros negociadas na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) fecharam perto da estabilidade, com leve viés de baixa. O ajuste para baixo acompanhou a queda do dólar e dos juros dos títulos públicos, e minimizou a aceleração do IPCA de julho, que subiu de uma deflação de 0,02% para uma inflação de 0,25%. A alta foi puxada principalmente por preços administrados (telefone e combustíveis).
O Depósito Interfinanceiro (DI) de outubro fechou com taxa de 19,57% ao ano, contra 19,59% do fechamento de segunda-feira. O DI de janeiro de 2006 terminou o dia com taxa de 19,08% ao ano, frente aos 19,10% anteriores. A taxa do DI de janeiro de 2007, o mais negociado, recuou de 17,70% para 17,68% anuais.
PARALELO - O dólar paralelo negociado em São Paulo fechou em alta de 1,53% nesta terça-feira, cotado a R$ 2,55 na compra e R$ 2,65 na venda. No Rio, o paralelo fechou estável, a R$ 2,40 na compra e R$ 2,55 na venda. O dólar turismo de São Paulo subiu 0,80% e fechou a R$ 2,28 e R$ 2,45 na compra e venda, respectivamente.