O mercado de ações passou por uma realização de lucros nesta terça-feira, favorecida pela queda das bolsas americanas e pela cautela com a crise política. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) chegou a subir no início dos negócios, mas inverteu a tendência e fechou em queda de 1,08%, com 27.080 pontos e R$ 1,204 bilhão em negócios.
O dólar corrigiu boa parte da queda registrada no início da semana e fechou em alta de 1,15% nesta terça-feira, cotado a R$ 2,356 na compra e R$ 2,358 na venda. O risco-país fechou em 402 pontos centesimais, com alta de 1,77% no dia.
O desempenho negativo do mercado externo, somado a uma maior cautela do investidor com o cenário político ajudaram a pressionar a cotação para cima. Mas os profissionais do mercado afirmam que o aumento das remessas de recursos para fora do país foi determinante para a alta.
No cenário político, as atenções se concentram no depoimento do doleiro Toninho da Barcelona à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios. A expectativa era de que o doleiro, que está preso em São Paulo, divulgasse novas informações sobre as denúncias de irregularidades envolvendo o PT.
- Até agora não há novidade na cena política e o mercado de câmbio continua a minimizar o caso. Apesar de um aumento da pressão, a alta ainda deve ser considerada pontual - afirmou um profissional de um banco estrangeiro.
JUROS - As projeções dos juros negociadas na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) fecharam perto da estabilidade neste primeiro dia da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). O Depósito Interfinanceiro (DI), que leva em conta a expectativa para a taxa Selic de agosto, projetou um corte de 0,02 ponto percentual na taxa. Isso significa que é praticamente consenso que a taxa será mantida inalterada nesta quarta-feira.
O DI de outubro fechou com taxa de 19,51% ao ano, a mesma do fechamento de segunda-feira. O DI de janeiro de 2006 teve a taxa reduzida de 19,01% para 19%. A taxa do DI de janeiro de 2007, o mais negociado, recuou de 19,63% para 19,62% anuais.
PARALELO - O dólar paralelo negociado em São Paulo fechou em alta de 1,14%, cotado a R$ 2,55 na compra e R$ 2,65 na venda. No Rio, o paralelo fechou estável, a R$ 2,40 na compra e R$ 2,55 na venda. O dólar turismo de São Paulo subiu 1,20%, a R$ 2,31 e R$ 2,52 na compra e venda, respectivamente.
AÇÕES - Os investidores começaram o dia em clima de tranqüilidade, à espera da definição dos juros básicos da economia, na quarta-feira. A inversão da tendência teve a colaboração das bolsas americanas, que reagiram negativamente à desaceleração da atividade industrial nos Estados Unidos. O depoimento do doleiro Toninho da Barcelona na CPI dos Correios também foi pretexto para a venda de ações e surgimento de novas especulações sobre denúncias.
Para Luiz Roberto Monteiro, consultor de investimentos da corretora Souza Barros, a queda da Bovespa já era esperada, depois dos lucros dos últimos dias. Na semana passada a bolsa teve ganhos de 1,63% e, na última segunda-feira, de 1,57%.
Entre as maiores quedas estão justamente papéis que haviam subido acima da média nos últimos dias. Das 55 ações que fazem parte do Ibovespa, as maiores quedas foram de Unibanco Unit (-3,57%) e Tractebel ON (-2,85%). As altas mais significativas do índice ficaram com Comgás PNA (+3,58%) e Brasil Telecom Participações ON (+3,50%).