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Conjuntura

Dólar fecha em alta de 2,89% e Bolsa em baixa de 1,78%

Depois de cinco meses de ausência, o Banco Central voltou a comprar dólares no mercado à vista e fez a cotação disparar nesta quinta-feira. A moeda americana fechou em alta de 2,89%, cotada a R$ 2,344 na compra e R$ 2,346 na venda. Foi a maior alta percentual diária desde 31 de maio do ano passado. A nova alta do petróleo e o cenário político também contribuíram para a pressão, mas de forma bem mais discreta.O risco-país fechou em alta de 3,46%, aos 389 pontos. Em pontos, a alta foi de 13 pontos.

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) abandonou o viés positivo nesta quinta-feira e voltou a sofrer influência do cenário político, o que não acontecia há mais de 15 dias. O Índice Bovespa terminou o dia em queda de 1,78%, aos 26.633 pontos. Os negócios somaram R$ 1,911 bilhão.

A virada aconteceu bruscamente, no período da tarde, com declarações do publicitário Duda Mendonça na CPI dos Correios. Até mesmo os rumores sobre denúncias em revistas semanais reapareceram nas mesas de negociação.

Duda Mendonça disse que ele e sua sócia Zilmar Fernandes abriram uma conta no exterior a pedido do empresário Marcos Valério, na qual recebeu pagamento pelos serviços publicitários prestados ao PT. Mendonça afirmou ainda que sabia que o dinheiro que as suas empresas estavam recebendo do empresário Marcos Valério era proveniente de caixa 2.

O mercado ficou ainda pior depois que o senador Alvaro Dias (PSDB-PR), disse que o processo de impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem que começar a ser discutido pelo Senado. O líder do PT no Senado, Aloízio Mercadante, se disse perplexo por saber pela imprensa sobre as negociações de pagamento por caixa 2 da sua campanha em 2002.

- Não se pode dizer que a Bovespa não sofreu uma realização de lucros, ou que a proximidade do vencimento de opções (na segunda-feira) não influenciou. Mas nada disso teve peso tão forte quanto o cenário político - disse um profissional de uma corretora paulista.

A queda das ações é considerada pontual pelos analistas, mas mantém os investidores em alerta. O mercado de ações, por ser de maior risco, é geralmente o que mais sofre com a instabilidade política. A permanência do investidor estrangeiro deve continuar como principal termômetro na bolsa.

A alta dos preços do petróleo foi outro fator negativo no dia. Menos para as ações da Petrobras, que andaram na contramão do mercado. Petrobras ON e PN fecharam em alta de 1,98% e 1,17%, respectivamente. Foram a segunda e terceira maiores altas do Índice Bovespa, atrás apenas de Embraer PN (+2,04%).

As maiores quedas do dia ficaram com os papéis dos setores de energia elétrica e telecomunicações, que vêm perdendo espaço no mercado. Entre as 55 ações do Ibovespa, as maiores quedas foram de Light ON (-6,47%) e Tele Leste Celular PN (-5,96%).

Desde 16 de março que o BC não comprava dólares, dentro do programa de recomposição de reservas. Naquela data, a autoridade monetária havia comprado recursos por R$ 2,749. A taxa de corte na operação desta quinta foi R$ 2,298. Segundo informações das mesas, apenas um banco teria vendido dólares ao BC, e em quantia considerada pequena, de US$ 1 milhão. Na máxima do dia, a cotação de venda chegou a R$ 2,366 (+3,77%).

CÂMBIO - Para os analistas, ao retomar a compra de dólares, o BC pode ter sinalizado que não deseja ver o dólar abaixo de R$ 2,30. Mas a principal dúvida é se a operação vai se repetir, e de com qual periodicidade. Se novas compras não acontecerem, a estimativa é de que a cotação volte a ceder.

- As compras do BC são muito mais transparente, mas o mercado achava que o Tesouro Nacional é quem iria comprar dólares. Se essas compras continuarem, pode ser o fim do ciclo de baixas do dólar. Mas o mercado ainda não sabe qual a estratégia do BC, até porque hoje não era o dia mais indicado para comprar - disse Hideaki Iha, da corretora Souza Barros.

Para Luiz Antônio Abdo, analista da Pioneer, agora será necessário observar como vão se comportar as empresas que têm vencimentos em dólar para pagar. Ele afirma que elas terão receio de o BC voltar a entrar comprando e provavelmente haverá um movimento de antecipação das compras.

JUROS - As projeções dos juros negociadas na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) foram ajustadas para cima nesta quinta-feira, acompanhando a depreciação do cenário. O Depósito Interfinanceiro (DI) de outubro fechou com taxa de 19,55% ao ano, contra 19,52% do fechamento de quarta-feira. O DI de janeiro de 2006 teve a taxa elevada de 19% para 19,07% anuais. A taxa do DI de janeiro de 2007, o mais negociado, subiu de 17,58% para 17,85% ao ano.

PARALELO - O dólar paralelo negociado no Rio de Janeiro fechou em alta de 0,79%, cotado a R$ 2,45 na compra e R$ 2,55 na venda. Em São Paulo, o paralelo fechou estável, a R$ 2,54 na compra e R$ 2,64 na venda. O dólar turismo de São Paulo subiu 1,63% e fechou a R$ 2,29 e R$ 2,48 na compra e venda, respectivamente.

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