As especulações em torno de um agravamento da crise política levaram o dólar a registrar sua maior alta em um único dia em quase 13 meses. A moeda americana disparou 2,66% e fechou valendo R$ 2,460 na compra e R$ 2,462 na venda. Foi a quinta alta consecutiva do dólar, que já subiu 5,30% desde os R$ 2,338 registrados na segunda-feira da semana passada.

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Uma onda de ordens de venda atingiu a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), que fechou em queda de 3,39%, com o Índice Bovespa em 24.530 pontos. A queda percentual foi a maior em mais de três meses. Os negócios somaram R$ 1,880 bilhão, volume superior à média das últimas semanas.

JUROS - As projeções dos juros negociadas na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) fecharam em alta. A alta maior aconteceu nos vencimentos mais longos, onde houve reversão de posições, devido à depreciação do cenário em função da crise política.

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O Depósito Interfinanceiro (DI) de outubro fechou com taxa de 19,64% ao ano, contra 19,60% do fechamento de sexta-feira. O DI de abril de 2006 teve a taxa elevada de 18,56% para 18,74% ao ano. A taxa do DI de janeiro de 2007 subiu de 17,85% para 18,12% anuais.

A taxa Selic está hoje em 19,75% ao ano e vem sendo mantida assim há três meses, depois de um ciclo de nove altas consecutivas. Na próxima quinta-feira será divulgada a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que poderá dar dicas do futuro da política monetária. De acordo com o Boletim Focus, do Banco Central, o mercado reduziu pela décima semana seguida a projeção para a inflação neste ano. Desta vez, a projeção do IPCA recuou de 5,67% para 5,55%.

Apesar do estresse, o risco-país conseguiu se manter equilibrado e fechou a 418 pontos centesimais, com alta de apenas 1 ponto.

CÂMBIO - O cenário político foi o principal foco das atenções, senão o único. Em meio à boataria, as tesourarias bancárias intensificaram o movimento de zeragem de posições "vendidas" em dólar. À tarde, o movimento de "stop loss" (interrupção de perdas) acelerou o processo de alta do dólar.

As notícias do cenário econômico foram monitoradas, mas tiveram pouca ou nenhuma influência nos negócios. O superávit comercial confirmou estimativas da última semana e teve uma queda significativa, ficando em US$ 343 milhões. O mesmo aconteceu com o superávit em conta corrente, devido ao aumento das remessas ao exterior.

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- As notícias do cenário econômico influenciam, mas não são o principal foco do mercado. O que a gente está sentindo aqui é que o mercado está acordando para o risco de a chamada blindagem do presidente estar enfraquecida - disse Luiz Antônio Abdo, da corretora Pioneer.

BLACK - O dólar paralelo negociado em São Paulo fechou em alta de 0,75% nesta segunda-feira, cotado a R$ 2,57 na compra e R$ 2,67 na venda. No Rio, o paralelo fechou estável, a R$ 2,45 na compra e R$ 2,60 na venda. O dólar turismo de São Paulo subiu 1,97%, a R$ 2,39 e R$ 2,58 na compra e venda, respectivamente. BOVESPA - O temor de um agravamento da crise política levou grandes investidores a reduzir sua exposição ao mercado de renda variável, migrando para aplicações mais conservadoras. Entre as ações que mais sofreram ordens de venda estiveram as dos setores de energia elétrica, siderurgia e mineração.

- Não houve uma notícia específica que motivasse o nervosismo do mercado, embora haja grande expectativa em relação à possibilidade de o publicitário Marcos Valério ter mesmo os tais sacos de documentos que comprometeriam pessoas importantes - disse Nicolas Balafas, consultor de investimentos da Planner Corretora.

Apesar de todo o estresse, e de alguns bancos estrangeiros terem reduzido sua recomendação para ativos brasileiros, ainda não há sinais de fuga de recursos externos da Bovespa. Dados divulgados pela bolsa mostraram que o saldo de investimentos estrangeiros nos 20 primeiros dias de julho ficou positivo em R$ 1,04 bilhão.

Mas os analistas acreditam que o volume de negócios mais expressivo registrado neste início de semana pode evidenciar uma participação maior dos estrangeiros na ponta de venda de ações.

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Segundo Balafas, este momento deve ser de calma para os investidores que já estão na bolsa. Apesar do clima de incertezas, a queda acentuada das ações pode levar a uma correção técnica no curto ou médio prazo. A expectativa para os balanços semestrais das empresas é positiva, o que leva alguns analistas a apostar em uma reação da bolsa.

Entre as 55 ações que fazem parte do Índice Bovespa, as maiores quedas foram de Net PN (-8,47%) e Copel PNB (-7,79%). As altas mais significativas do índice foram de Light ON (+6,36%) e Aracruz PNB (+2,31%).