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Duas grandes operações da PF prende 30 suspeitos de crimes de sonegação

Duas grandes operações realizadas nesta terça-feira pela Polícia Federal e Receita resultaram na prisão de 30 pessoas suspeitas de crimes de sonegação fiscal, lavagem de dinheiro e contrabando. Oito pessoas foram presas durante a Operação Babilônia, realizada hoje por 130 agentes da Polícia Federal no Rio de Janeiro e em São Paulo para desbaratar uma quadrilha responsável por esquemas de lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e evasão de divisas para dezenas de empresas. O principal alvo desta operação foi o advogado Chaim Henoch Zalcberg, apontado como o suposto mentor dos crimes, além de seus sócios no escritório Zalcberg Advogados Associados e pessoas apontadas como laranjas.

Outras 22 pessoas foram presas nos estados do Paraná, São Paulo, Rio Grande do Sul e Amazonas, acusadas usar notas frias para mandar contrabando de Foz do Iguaçu para outras cidades brasileiras. É a Operação Canil, que desbaratou uma quadrilha que despachava mercadorias - principalmente equipamentos de informática e eletrônicos - contrabandeadas do Paraguai e de Miami por empresas transportadoras ou pelos Correios, usando o nome Casa do Cachorro como remetente. Segundo a PF, o esquema era comandado pelo empresário João Marcos Cosco, preso esta manhã em Ribeirão Preto, interior de São Paulo.

Já o advogado Chaim Henoch foi preso em casa, no Leblon, bairro nobre do Rio. Do grupo ligado a Chaim, estão foragidos o advogado Antonio Wanis Filho e um uruguaio que dava suporte às operações no exterior. A PF, além das prisões temporárias autorizadas pela Justiça Federal do Rio - ao todo foram 10 - cumpriu 38 mandados de busca e apreensão - 30 no Rio e oito em São Paulo - em escritórios de diversas empresas. A partir da documentação e computadores apreendidos nos locais vistoriadas, a PF pretende identificar as empresas que se beneficiaram do esquema fraudulento.

Segundo a polícia, o escritório de advocacia Zalcberg Advogados Associados, com sede no Centro do Rio, era responsável por criar empresas off shore em paraísos fiscais, garantindo que o dinheiro de caixa dois dos empresários voltasse ao país, por meio de firmas limitadas. As empresas interessadas em esquentar dinheiro eram orientadas a abrir uma limitada, que era comprada em seguida pela off shore (não residente no país). Só que os donos das limitadas recebiam na "venda" as ações ao portador da empresa off shore, escondendo assim o patrimônio obtido de forma ilícita.

O dinheiro frio era empregado preferencialmente em empreendimentos imobiliários. Segundo o delegado Algacir Mikalovski, da Delegacia de Repressão a Crimes Financeiros da PF, mais de 30 empresas se beneficiaram das fraudes nos últimos 10 anos. As fraudes podem ter causado um prejuízo mínimo de US$ 30 milhões aos cofres públicos, segundo ele.

Além de Chaim, foram presos, Alcindo de Azevedo Barboza, Shirley Andrade Santos, Taíssa Horovitz Balassiano, Adailton Guimarães, Manuel Elidio Campos Barreiro, Fabrício de Oliveira Silva e Renato Bastos Rosa. Os crimes de sonegação fiscal, lavagem de dinheiro e evasão de divisas podem resultar em algo entre 10 e 15 anos de reclusão. A prisão de Chaim é ainda um desdobramento do caso "Propinoduto", um esquema de fraudes realizado por auditores e fiscais de rendas do Rio de Janeiro condenados em 2003.

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