Foi na última aula do MBA em Gestão da Comunicação Empresarial que a jornalista Adriana Martins recebeu um convite que mudaria sua carreira. Uma colega recomendou que participasse do processo de seleção da sua empresa e, em questão de poucas semanas, foi contratada para a posição de assessora de imprensa. Hoje, quase oito anos depois, é gerente de Comunicação Corporativa da agência. Para ela, a oportunidade só chegou pela troca profissional e pessoal proporcionada pela curso.
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“Na pós-graduação são os alunos que conduzem as aulas e isso foi o mais importante pra mim. As discussões que eram promovidas na aula trouxeram a maior bagagem e aprendizado”, conta. Depois da graduação, ficou muito tempo na atuando na mesma posição e sentiu que precisava se atualizar e movimentar a carreira, mas não imaginava que sairia da universidade com um novo emprego.
Esse é apenas um exemplo da importância do networking – o relacionamento com profissionais da mesma área de atuação ou de profissões afins. Essas conexões, quando alimentadas da maneira adequada, podem resultar em uma troca produtiva para todos. No entanto, a realidade profissional de hoje é bem diferente daquela de uma ou duas décadas atrás, com cada vez mais pessoas migrando para estações remotas de trabalho e estudo.
Cuidado com o isolamento
Home office e cursos a distância oferecem vantagens como a economia de tempo e dinheiro com transporte, maior controle sobre a administração do seu tempo e a possibilidade de executar as tarefas onde for mais conveniente – no escritório de casa ou na praia. Porém, ambos os casos podem ser prejudicados pelo individualismo e isolamento excessivos.
O coordenador dos cursos de pós-graduação do UniBrasil, Marcos José Valle, compara as interações de fóruns de plataformas de educação a distância com as experiências de sala de aula: enquanto o confinamento em sala de aula obriga as pessoas se relacionar e discutir os temas propostos, no fórum é possível apenas postar a sua opinião e ignorar os outros. “Na sala de aula você obrigatoriamente tem que ouvir o que as outras pessoas têm a dizer sobre a tua opinião. Isso vai criando um amadurecimento do profissional”, aponta.
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É essa troca com os colegas que vai possibilitar que outras pessoas se identifiquem com sua postura, experiências, personalidade e modo de conduzir situações, o que anda de mãos dadas com um networking de sucesso. “As pessoas precisam saber quem é você e o que você consegue fazer além das habilidades técnicas”, explica Valle.
Ele acredita na máxima de “quem não é visto não é lembrado”. “Profissionais que se isolam acabam caindo no esquecimento. Então esperar estar em uma situação difícil para querer começar a fazer parte de discussões e debates é muito mais desafiador”, pondera.
Investir em debates on e offline
Ou seja, tomar parte em discussões e trocar informações é fundamental para um bom networking e isso requer ainda mais dedicação quando acontece exclusivamente em um ambiente digital. O consultor de carreira da ESIC Business & Marketing School Alexandre Weiler aponta que uma das armadilhas é acreditar que um curso de pós-graduação a distância, por exemplo, vai demandar menos tempo e trabalho.
“A EAD, se bem feita, focada no trabalho, em resultados e aprendizagem, acaba demandando muito mais tempo do aluno para atingir o mesmo resultado do curso presencial”. O risco, nesse caso, é destinar um tempo insuficiente para essa parte da carreira, esquecendo que criar e cultivar relacionamentos com os colegas demanda energia, disposição e mais do que alguns minutos da semana.
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Além disso, assim como nas empresas, o contato mais aprofundado com os colegas acontece nos momentos de descontração da pausa para o cafezinho, na hora do almoço, nos encontros pelos corredores ou no happy hour de sexta-feira. Portanto, a dica de Weiler para driblar a ausência desses momentos no cotidiano de quem atua remotamente é não deixar de ir a palestras, seminários, conferências e qualquer outro tipo de evento promovidos por associações de classe do mesmo setor de atuação ou de outros setores de interesse.
No aspecto digital do relacionamento profissional, o LinkedIn é a melhor alternativa. Na rede social é possível seguir pessoas de áreas que sejam condizentes com seus objetivos profissionais e participar de grupos de pares. “É possível estar presente passivamente, consumindo o conteúdo desses grupos, interativamente, fomentando discussões nesses grupos, e ativamente, utilizando ferramentas do próprio LinkedIn para produzir conteúdos e virar referência para outros profissionais da mesma área”, aconselha.
Valle nota, ainda, que para participar de debates online é preciso atentar para a comunicação escrita, não tão natural quanto a oral e, por causa disso, um desafio maior na hora de fomentar networking. “Aprimorar a capacidade de redação é importante já que escrever um texto coerente e passar a mensagem que você está querendo é muito mais difícil do que num diálogo”.
O principal, porém, é mesmo deixar a preguiça de lado e arrumar um espaço na agenda para encontrar colegas de profissão pessoalmente. Seja em situações sociais ou atividades de formação, o “olho no olho” ainda faz diferença, garantem os especialistas.
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