Em 20 anos, o brasileiro estará mais qualificado e ganhando mais. Além disso, até 2030, a força de trabalho no país vai crescer a uma taxa de 0,95% ao ano índice equivalente ao padrão mundial mas superior ao índice de países desenvolvidos, que é de 0,1%. Tais fundamentos vão colaborar para levar o Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas produzidas por um país) do Brasil a US$ 2,4 trilhões em 2030 e fazer dele a oitava maior economia do mundo.
As previsões são otimistas, e foram traçadas no estudo Brasil Sustentável Crescimento econômico e oportunidades de consumo, divulgado esta semana pela auditoria Ernst&Young e pela FGV Projetos. E, mesmo com uma força de trabalho mais numerosa e mais produtiva, as oportunidades também devem crescer.
"Nessa trajetória de crescimento sustentável, as empresas vão abrir muitas oportunidades de trabalho. É algo que já vem ocorrendo nos últimos três anos. Há uma significativa abertura de postos de trabalho mesmo com ganhos de produtividade", explica o professor Fernando Garcia, consultor da FGV Projetos e um dos responsáveis pelo estudo. Como o levantamento prevê maiores taxas de investimento no país, a expectativa é de que setores como a construção civil registrem maior crescimento e abram mais postos de trabalho.
Garcia lembra que, ao mesmo tempo em que a mão-de-obra vai crescer, também estará mais qualificada. Segundo o levantamento, a escolaridade da população economicamente ativa vai passar dos 7,8 anos de instrução média observados em 2007 para 11,3 anos em 2030. Em relação à população total do país, os anos de instrução formal passarão de 4,6 em 2007 para 7,5 ao final dos próximos 22 anos.
O estudo destaca que "é relevante o aumento da escolaridade da mão-de-obra brasileira, que, em 2030, chegará ao patamar de instrução atual dos trabalhadores de países desenvolvidos, superando os 11 anos completos de estudo". O levantamento mostra que este indicador, em 2030, será semelhante ao registrado atualmente pela Coréia do Sul, mas ainda assim inferior aos 12,5 anos de estudo nos Estados Unidos. "Os níveis educacionais tendem a convergir mundialmente, mas, mesmo considerando esse aspecto, a evolução do Brasil denota um grande progresso", afirma o texto da Ernst&Young.
Ao mesmo tempo, a renda per capita do brasileiro, segundo os pesquisadores da FGV e da Ernst&Young, crescerá a uma taxa de 3,1% ao ano. O índice é bem superior ao observado nos últimos 17 anos (1,3% ao ano). A massa salarial terá expansão de 3,5% ao ano, "levando o Brasil, em 2030, à oitava posição entre as economias que mais pagam salários", diz o texto do estudo. Hoje, o país está na 11ª posição neste quesito.
"O volume da massa de salários chegará a US$ 880,3 bilhões em 2030, em razão de seu crescimento à taxa de 3,5% ao ano, tornando-se o oitavo maior do mundo. Crescimento semelhante ao da massa de salários brasileira será verificado no México tal ritmo deve ser superado somente pelo ímpeto sem compromisso com a sustentabilidade da economia chinesa", constata o trabalho.
Com isso, o estudo também prevê uma ascenção social de famílias com poder aquisitivo menor. "O crescimento e a distribuição de renda no período possibilitarão uma gradativa ascensão social das famílias com nível de renda mais baixo. É importante notar que a mobilidade é uma conseqüência da universalização da educação, das novas oportunidades de emprego, do aumento da produtividade da mão-de-obra e da maturação da estrutura etária e familiar", informa o texto.