São muitos os fatores que influenciam na sobrevivência ou na mortalidade das empresas. A motivação e a experiência do empreendedor estão entre eles. Mas o estudo e a informação também interferem: pessoas que fizeram cursos para melhorar a administração dos negócios têm mais chance de sucesso do que as que não fizeram, segundo a pesquisa Sobrevivência das Empresas no Brasil, divulgada pelo Sebrae em outubro do ano passado.
Quatro em cada dez pessoas com idade entre 18 e 64 anos estão envolvidas com a criação de uma nova empresa no Brasil (segundo levanta mento do Global Entrepreneurship Monitor feito em 2015). A verdade é que nenhum tipo de diploma ou certificado é obrigatório para quem quer ser o próprio chefe, mas conhecimentos de administração e gestão podem ajudar a resolver vários dos problemas cotidianos. Além disso, os processos iniciais de planejamento são determinantes para a implementação de um novo negócio.
O cenário mostra que o empreendedorismo será cada vez mais forte. Maiores taxas de desemprego incentivam os que migram para o segmento por necessidade – em 2015, de acordo com o GEM, 36% dos empreendedores nascentes (com menos de três meses), e 46% dos novos (entre três e 42 meses) se tornaram empresários porque precisaram. Por outro lado, jovens tendem se direcionar para novas formas de negócio mais cedo. “Por isso, o empreendedorismo deve crescer cada vez mais como uma área de estudo e formação”, avalia o professor José Vicente Cordeiro, diretor de pós-graduação da FAE Business School.
“Ter informação é essencial”, diz Márcia Giubertoni, gerente do Sebrae/PR. Para ela, existem várias fontes para ajudar um gestor novato: pós-graduação, cursos de curta duração em instituições como o próprio Sebrae, conversa com consultores e muita pesquisa. “Somos imediatistas. Quando alguém pensa em ter um negócio, já abre e esquece de resolver vários detalhes antes. É importante pesquisar”, adverte. Segundo Cordeiro, o ideal é que os cursos sejam procurados antes da abertura – as aulas contribuem para o planejamento. Em algumas instituições, é possível cursar matérias avulsas, para suprir necessidades específicas.
Para Márcia, a parte mais importante é o planejamento. “Você vai entrar no mercado oferecendo o que para quem? Será que essas pessoas estão interessadas no produto? Quem serão os fornecedores? Tem alguém no mercado fazendo algo similar? Pensar sobre esses pontos e ter respostas claras pode ajudá-lo a minimizar os riscos de vir a fechar depois”, recomenda.
Negócio próprio
Raphael D’Avila trabalhou durante quatro anos com gestão de Recursos Humanos em uma empresa, mas foi desligado em março de 2016.Depois de alguns meses tentando uma realocação no mercado de trabalho sem sucesso, resolveu que a saída era empreender e, no último dezembro, abriu o restaurante e pizzaria Avila´s, no bairro Tatuquara.
Para ele, a experiência tem sido um aprendizado todo dia. “Chega um ponto da carreira em que você acha que já viu muita coisa, mas acabei descobrindo que não tinha aprendido nada ainda”, fala. Entre as dificuldades que encontrou, D’Avila aponta a falta de conhecimento do negócio: “não sabia nada sobre abrir uma empresa, a burocracia, a demora”.
Mesmo assim insistiu na ideia e hoje tem 10 funcionários. “A parte de gestão não é tão difícil, porque eu tinha experiência com isso. O mais pesado é o dia a dia. Estou aprendendo agora sobre a produção de alimentos”, conta.
Ainda que abrir o restaurante não fosse um plano que pudesse ser feito em pouco tempo, D’Avila se dedicou para pesquisar e procurou outros profissionais com negócios semelhantes para tirar dúvidas. Estudou também a região e conta que sua maior dificuldade até agora foi lidar com a parte burocrática. Sobre o empreendedorismo, ele diz: “arrisque, vale a pena”.