Fátima é proprietária de um pequeno estabelecimento comercial. Formada em Administração, dedicou-se à montagem de sua empresa assim que recebeu o diploma e fez dela um modelo de organização, com atendimento pós-venda e preocupação com a qualidade dos produtos e dos serviços oferecidos.
A carteira de clientes de Fátima é fiel e dificilmente a empresária perde um comprador para a concorrência. Por isso, a situação financeira da loja é estável, constante. E disso Fátima se orgulha, pois sabe que a realidade econômica do Brasil não é favorável à sobrevivência dos pequenos negócios. No entanto, a empreendedora tem consciência de que não conseguirá ascender mais e de que já conquistou o patamar mais alto que seu estabelecimento poderia alcançar. Mesmo assim, trabalha com disposição e energia.
O clima organizacional também é uma preocupação para Fátima, que faz questão de manter um ambiente descontraído e feliz. Ela realmente gosta de todos os seus funcionários e, sempre que pode, aumenta a remuneração da equipe. Porém, essa postura não é suficiente para manter o quadro de colaboradores estável. Freqüentemente Fátima perde seus empregados para empresas maiores. Nesses casos, ela não tem chance sequer de oferecer-lhes uma contraproposta, já que o motivo da demissão é, invariavelmente, a falta de visibilidade que o trabalho em uma pequena empresa ocasiona.
Fátima já conhece a história: contrata um funcionário sem experiência, que está desempregado há muito tempo. Então, ela ensina a ele um ofício, faz com que passe por um treinamento rigoroso, subsidia cursos e palestras para o aprimoramento pessoal. Em pouco tempo, Fátima devolve a auto-estima ao profissional, que muda sua postura e visão sobre o mercado. Ao final desse ciclo, o colaborador decide alçar vôos mais altos e busca novos desafios em outras empresas, de maior porte. Fátima, por sua vez, compreende que nesse momento não lhe resta muito a fazer, a não ser ficar feliz pelo subordinado.
Por sua empresa já passaram dezenas de profissionais, que hoje estão em posições privilegiadas no mercado de trabalho. Fátima mantém com eles uma relação de amizade e admiração e, quando é possível, os encontra para trocar experiências e confraternizar. A empresária, porém, gostaria de reter os talentos em sua empresa, pois sabe quanto é difícil encontrar a pessoa certa para a função. Pois, embora sua empresa seja pequena, ela faz questão de oferecer um serviço semelhante ao das grandes organizações. E, para executar um trabalho de qualidade, Fátima precisa se cercar de pessoas competentes e esforçadas.
A solução para o seu problema veio após um daqueles encontros com ex-funcionários. Um deles contou que a empresa onde trabalhava mantinha um programa de participação nos lucros. "A possibilidade de aumentar os meus ganhos faz com que eu reflita melhor antes de procurar um novo emprego", admitiu o profissional. Essa dica fez sentido para Fátima, que implementou imediatamente o plano de participação em seu negócio - projeto que diminuiu o número de pedidos de demissão em sua empresa.
Mas eventualmente a empreendedora ainda perde bons profissionais para organizações maiores. A diferença, agora, é que Fátima não sente rejeição na atitude dos empregados. Pelo contrário, ela percebe que a função maior de seu negócio é formar jovens, que indiretamente são direcionados por ela para algo maior, para desafios mais complexos. E essa constatação faz com que Fátima assimile melhor as perdas e sinta orgulho por fazer parte da engrenagem que move o mercado de trabalho. *** Todas as empresas têm uma função importante para a sociedade, visto que geram empregos e movimentam a economia. Não importa o porte ou o faturamento da organização, mas o significado da vaga: um emprego digno pode mudar a vida de muita gente, trazendo novas perspectivas e esperança. A grande dificuldade das pequenas empresas para reter talentos é o fato de não possuírem as mesmas ferramentas (planos de benefícios) dos grandes grupos. Mas uma alternativa é oferecer um clima organizacional positivo e mais humano.
Outra estratégia eficaz na retenção de pessoas é a implementação de planos de participação nos lucros, moldados de acordo com a filosofia de cada organização. Na verdade, os proprietários de pequenos negócios devem se orgulhar por permitir que muitos profissionais façam de seus empreendimentos uma escola. Afinal, toda grande carreira tem um início, e é um privilégio para qualquer empresa fazer parte da história de alguém. ***** SAIBA MAIS...Arte urbana Desde 2004 a TIM Sul, empresa de telefonia celular, desenvolve o programa Arte Urbana TIM, em parceria com a ONG Cidade Escola Aprendiz e com secretarias de educação de cidades do Paraná e de Santa Catarina. A empresa é quem administra e custeia todo o projeto, que consiste na recuperação de muros dos centros urbanos, degradados pela ação de pichadores. A idéia é estimular, por meio da arte, alunos de escolas públicas e privadas a conservar os espaços comunitários.
Profissionais de São Paulo são indicados pela ONG para capacitar os professores das escolas selecionadas pelas secretarias de educação, em oficinas que ensinam a técnica do mosaico com pastilhas de vidro. Posteriormente a técnica é repassada aos alunos, que produzem os mosaicos nos muros escolhidos. Já participaram do projeto cerca de 700 crianças das cidades de Curitiba, Maringá (PR) e Joinville (SC). A proposta foi idealizada pela ONG, criada pelo jornalista Gilberto Dimenstein, que desenvolve um trabalho semelhante em São Paulo.
Bernt Entschev é presidente do Grupo De Bernt. Empresário com mais de 36 anos de experiência junto a empresas nacionais e internacionais. Fundador e presidente do grupo De Bernt, formado pelas empresas: De Bernt Entschev Human Capital, AIMS International Management Search e RH Center Gestão de Pessoas. Foi presidente da Manasa, empresa paranaense do segmento madeireiro de capital aberto, no período de 1991 a 1992, e executivo da Souza Cruz, no período de 1974 a 1986
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