Quem entra nas instalações da MadeiraMadeira quase se esquece que está no centro de Curitiba. A startup paranaense, que ocupa dois andares de um prédio comercial na Rua Marechal Deodoro, tem 1,1 mil metros quadrados com salas de jogos e uma tranquila área externa com churrasqueira e cadeiras de descanso. Toda esta estrutura de lazer divide espaço com escritórios e salas de reuniões, onde funcionários trabalham em pleno foco. Cheia de gente empenhada, a empresa, que também oferece horários flexíveis, é um exemplo de como bons programas de retenção de talentos podem motivar as pessoas.
Pesquisa aponta o que mais conta para manter o funcionário na empresa
A startup abriu há duas semanas uma sede arrojada, com opções de entretenimento a todos os colaboradores. O objetivo era agradá-los. O diretor de marketing e produto, Robson Privado, conta que, na última pesquisa feita para avaliar a satisfação dos 175 contratados, só apareceram elogios. Entre os contentes estava o funcionário do setor de compras e logística Leandro Castaldelli Mendes de Souza, 25 anos. O jovem diz se sentir empolgado com ambiente que o permite refrescar a cabeça em qualquer hora do dia. “Saio para ler no terraço ou jogar videogame na sala e volto com muito mais energia para trabalhar”, conta.
Com o sucesso da nova sede, a empresa resolveu ampliar os benefícios: em breve, vai implantar um bicicletário, um vestiário e uma biblioteca. “Investir nas pessoas é essencial para gerar engajamento e preservar nossos bons quadros”, justifica Robson.
Segundo a CEO do site de avaliação de empresas Love Mondays, Luciana Caletti, companhias ligadas à tecnologia estão entre as que mais promovem programas de retenção por conta da escassez de colaboradores nestas áreas. Outra empresa nesse segmento com boas medidas é a Elotech, de Maringá. Além de possibilitar a flexibilização de horários , ela promove, diariamente, um café da manhã e da tarde a todos os trabalhadores, com sucos, frutas e frios. “Cuidar da saúde das nossas pessoas é um jeito de a gente mostrar que se preocupa com elas”, reforça a responsável pelo setor de RH, Marcela Pimentel.
Outro diferencial são os mimos que a empresa dá a quem se casa ou tem filhos. O funcionário que resolve subir ao altar pode escolher qualquer presente de até R$ 1 mil ou receber o dinheiro. Os que estão prestes a ter um filho ganham uma cesta com itens para o cuidado com o bebê a bordo. Por meio ações como estas, a empresa reduziu significativamente sua rotatividade e, no ano passado, foi eleita a 7ª melhor do Paraná para se trabalhar.
Medidas não podem ser isoladas, mas sim alinhadas à cultura
Uma boa política de retenção de talentos nunca é bem-sucedida com iniciativas isoladas. A diretora da Regional GPTW no Paraná, Claudia Malschitzky, explica que todas as ações devem estar ligadas a um contexto que inspire o trabalhador. “O segredo não está no que se faz, mas em como se faz”, diz. Segundo Claudia, boas estratégias nem sempre são as mais caras. Simples mudanças podem fazer muita diferença na rotina de uma empresa, desde que estejam alinhadas a uma conjuntura clara e coerente. “Quanto custa um elogio, um feedback, um telefonema?”, exemplifica.
Ações simples, grandes resultados
Imagine receber uma ligação do presidente da empresa em que você trabalha lhe parabenizando pelo seu aniversário. É o que acontece com os colaboradores do Sicoob Metropolitano, em Maringá. Todas as manhãs, o gestor do banco, Ideval Luis Curioni, consulta a agenda e parabeniza por telefone cada aniversariante da empresa. Depois, escreve cartões à mão e encaminha aos felizardos.
Mas esta não é a única ação que o Sicoob Metropolitano promove para valorizar seu pessoal. O pacote de iniciativas para retenção de talentos envolve a manutenção de um coral com funcionários e familiares - até o diretor superintendente integra o coro-, grupos de corrida, ciclismo e futebol e a organização de festas para comemorar a efetivação de estagiários. “ A satisfação pessoal e no trabalho devem andar juntas. Só assim, é possível ser feliz”, defende o gestor de planejamento do banco, Gustavo Martins Monteleoni, que ajudou a desenvolver a ações de motivação.