Estudantes que interromperam as férias para tentar conseguir um estágio esperam em longas filas, em Brasília. A oferta de vagas tinha caído no segundo semestre do ano passado por conta da lei que assegurou mais direitos para eles.
Agora, o mercado começa a voltar ao normal. "As empresas já estão se adaptando à nova lei e começam a solicitar seus estagiários", afirma Mônica Batista, supervisora do Centro de Integração Empresa-Escola (Ciee), em Brasília.
O ministério do Trabalho fez uma cartilha para tirar dúvidas dos empresários. Entre as principais mudanças estão auxílio-transporte obrigatório (o valor fica a critério da empresa e não pode ser descontado do estagiário); a cada ano, o estagiário ganha um mês de folga remunerada; a carga horária, de no máximo seis horas por dia, pode ser dividida; o estagiário deve ter um intervalo de pelo menos uma hora para descanso e alimentação e também um tempo extra para estudar.
"O ministério aconselha a, em períodos de prova, fazer uma redução na carga horária do estagiário", explica Ezequiel Nascimento, secretário de Políticas Públicas de Emprego.
Novas vagas de estágio começaram a aparecer já na primeira semana do ano. Só uma agência de estágios oferece seis mil vagas, em todo o país. A maior parte é para os cursos de Administração, Direito, Informática, Engenharia e Contabilidade.
A estudante de pedagogia Rayana da Andrade tenta conseguir um novo contrato para ter os direitos da nova lei. "Preferi trocar de estágio, porque se continuasse lá não ia ser beneficiada pela nova lei", conta ela.
Rogério Vasconcelos, que estuda administração, já trocou de estágio. "Eu procurei uma empresa que me possibilitasse maior amadurecimento", diz.
Mesmo com as instabilidades na economia, as empresas não preveem queda no número de vagas e aconselham os estudantes a não perder tempo. "A gente está querendo vender lenço pra quem está chorando com a crise. Acho que os estudantes devem ter a mesma postura: corram atrás do estágio", incentiva o gerente de operações Júlio Miranda.