O assunto de hoje é bastante polêmico e controverso. Trata-se do relacionamento entre homem e mulher no ambiente de trabalho. Embora alguns gestores não se incomodem com o romance entre funcionários, em geral acredita-se que uma relação dessa natureza pode prejudicar a produtividade e o clima organizacional. Porém, em toda situação complexa existem dois lados e várias interpretações. A seguinte história não pretende fazer um julgamento de valor, mas mostrar um exemplo, para que o leitor faça sua crítica e avaliação pessoal.
Helô e Márcio se conheceram na empresa após um remanejamento dos setores e dos profissionais. Ela estava na firma há mais de dez anos, e ele havia ingressado há cerca de oito meses. Porém, jamais tinham se visto até a mudança interna ser realizada. Na primeira semana, seus olhares se cruzaram e ambos sentiram uma sensação inquietante. Aproximaram-se instintivamente e logo depois começaram um namoro, com direito a juras de amor eterno, casamento, filhos, etc.
Inicialmente, preferiram não comunicar seu relacionamento, pois acharam que sua intimidade deveria ser preservada. Mas, após algum tempo, ficou difícil disfarçar seus sentimentos. Márcio era impulsivo e gostava de demonstrações públicas de afeto; Helô, por sua vez, era emotiva e adorava ser paparicada.
A certa altura, os dois passaram a acreditar que o relacionamento era para valer. Portanto, não havia mais motivos para escondê-lo. Os profissionais, então, divulgaram seu namoro entre os colegas de trabalho e os superiores, que mostraram satisfação genuína com a notícia. Todos incentivaram o romance, pois o casal era querido e respeitado pela equipe. "Um pouco de amor só melhorará o ambiente de trabalho", concluíram os companheiros que os cercavam. Por um período, o relacionamento dos dois de fato contagiou os colegas, que se deliciavam com os gestos de carinho demonstrados pelo par. Todavia, com o transcorrer dos dias as pessoas começaram a se incomodar com o arsenal de ações dos apaixonados. Eram bilhetinhos, e-mails pessoais, risinhos irritantes, conversas ao ouvido e beijinhos furtivos nos corredores da empresa. Mas o que realmente dificultou a convivência com o casal foram os momentos de ciúme, as discussões caseiras durante o expediente, a cara fechada de ambos por todo o dia quando brigavam na noite anterior. Helô e Márcio chegaram a terminar o namoro por algumas semanas, pois a situação estava insuportável tanto para o par quanto para aqueles à sua volta. No entanto, logo retomaram o romance, as briguinhas, as cenas de ciúme, os recadinhos, e todo o resto. Até que um dia, ao chegar à empresa, Helô foi chamada pela Diretoria para uma conversa. Na sala do diretor, a profissional encontrou Márcio, que também havia sido convocado. Naquela manhã, os dois foram demitidos. A justificativa era a diminuição da produtividade, as reclamações dos colegas quanto ao comportamento inconveniente do casal e a falta de maturidade para administrar o relacionamento amoroso. Hoje, Helô e Márcio estão casados. Atuam em empresas distintas e garantem que a convivência melhorou muito com a separação entre trabalho e romance. ************** Quando o casal trabalha junto, especialmente no mesmo setor, o trabalho tende a sofrer um desgaste à medida que o relacionamento também se desgasta, pois os seres humanos têm dificuldade para separar os assuntos pessoais dos profissionais. Por isso, a relação amorosa nas organizações costuma prejudicar a tranqüilidade do casal e a do resto da equipe. Por exemplo, se há uma briga em casa, o(a) profissional justifica sua mudança de humor perante os colegas contando a sua versão. E, após o desabafo, continua a executar suas funções, sem outros questionamentos da equipe. Porém, se o casal trabalha na mesma empresa, duas versões diferentes para a história vão existir. Alguns vão apoiar o homem; outros, a mulher. A equipe ficará dividida, fará julgamentos de valor, ficará absorta em fofocas e gastará tempo com burburinhos no corredor. Via de regra, a organização sai perdendo. Apenas quando o casal é suficientemente maduro para separar a relação profissional da pessoal, a empresa pode ganhar com afinidade, cumplicidade e harmonia.
SAIBA MAIS...Dez anos de solidariedade
No dia 30, o Centro Social Marello (CSM), entidade beneficente de Curitiba mantida pelo Colégio Bagozzi e conveniada com a Fundação de Ação Social (FAS), completa dez anos de existência. O centro tem como objetivo promover atividades que sirvam como alternativa para jovens carentes, a fim de que eles não cresçam nas ruas. O público atendido pelo CSM abrange adolescentes com idade entre 12 e 18 anos, moradores do bairro Portão e arredores.
São ofertados a esses jovens aulas de reforço escolar e cursos de música, corte e costura, panificação, informática e artesanato, além de palestras sobre sexualidade e drogas. Ademais, 80 alunos com bolsas de estudo hoje fazem o ensino fundamental no centro. Durante o período em que participam da programação, os jovens recebem café-da-manhã, almoço e lanche, oferecidos por meio de uma parceria com a prefeitura. Psicólogos auxiliam os adolescentes e seus pais em terapias familiares. Três dentistas também atendem no CSM.
Bernt Entschev é presidente do Grupo De Bernt. Empresário com mais de 36 anos de experiência junto a empresas nacionais e internacionais. Fundador e presidente do grupo De Bernt, formado pelas empresas: De Bernt Entschev Human Capital, AIMS International Management Search e RH Center Gestão de Pessoas. Foi presidente da Manasa, empresa paranaense do segmento madeireiro de capital aberto, no período de 1991 a 1992, e executivo da Souza Cruz, no período de 1974 a 1986.