Carolina Lima encarou uma entrevista em inglês logo na primeira vaga de emprego que pleiteou, antes de concluir o curso do idioma.| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

O domínio de um segundo e até terceiro idioma tem muito valor no mercado de trabalho. Em muitos casos, a fluência em línguas estrangeiras é exigida como pré-requisito, e implica também em um salário maior. Com a entrada de multinacionais no país e a expansão de negócios das empresas locais, cresce a demanda por profissionais bilíngues e a entrevista em outro idioma se torna parte do processo seletivo para oportunidades de trabalho. Essa fase da seleção pode deixar muitos candidatos inseguros sobre a preparação para a entrevista e sua real capacidade de assumir uma função bilíngue.

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Treinamento

Dicas para ficar afiado para a próxima entrevista em outro idioma.

  • Pesquise:

  • É importante conhecer o vocabulário da empresa e antecipar a tradução de palavras-chave que incluam nomes de cargos e termos técnicos da área;
  • Pratique:

  • Faça uma simulação de entrevista com alguém com conhecimentos avançados do idioma e treine com perguntas comuns em entrevistas, como “fale sobre suas experiências anteriores”, “quais são seus objetivos profissionais?” etc. Peça para que aponte seus erros e evite gírias e excesso de pausas;
  • Pergunte:

  • O candidato deve demonstrar interesse na oportunidade e tirar suas dúvidas. Questione com que frequência o inglês será usado e em quais contextos de trabalho – troca de e-mails, relatórios, reuniões, etc;
  • Faça um teste de classificação:

  • Ele ajuda a treinar seus conhecimentos e identificar o nível de proficiência que você deve colocar no currículo;
  • Seja sincero:

  • Caso o recrutador veja que seu nível de proficiência não é igual ao declarado em seu currículo, você pode perder uma futura oportunidade. Mesmo que não tenha conhecimentos avançados no idioma, explique que você tem planos de aperfeiçoar-se.

O nível de domínio do idioma estrangeiro varia conforme a função a ser desempenhada e os meios nos quais será utilizado, como e-mails, reuniões, ligações, etc. Em alguns casos a compreensão de leitura é mais importante, enquanto em outros pode ser a escrita ou a expressão oral. Diante das possibilidades, antes de se candidatar, o profissional deve observar os detalhes da vaga e as funções a serem desempenhadas. “É importante ser capaz de falar sem embaraço sobre as funções que executa e sua rotina de trabalho, além de estar seguro com relação às que o cargo exige”, diz o professor Elvio Peralta, diretor superintendente da Fundação Fisk, especializada no ensino de idiomas.

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Um ponto fundamental é a sinceridade do candidato quanto ao seu nível de fluência no idioma estrangeiro, não só no currículo, mas na conversa com o recrutador, podendo ser específico com relação a cada habilidade, como compreensão, fala e escrita.

Quando houver dúvida sobre o nível de domínio, é recomendado que o profissional preste um teste de proficiência, como Toefl (Test of English as a Foreign Language), Toeic (Test of English for International Communication), Ielts (International English Language Testing System) ou CPE (Certificate of Proficiency in English). “Além de dar mais credibilidade. Incluir a pontuação no currículo garante maior precisão e evita expectativas equivocadas”, diz o professor.

21,8%

Pode ser a diferença entre o salário de quem fala apenas português e o de um profissional que possui domínio de inglês ou espanhol, segundo aponta pesquisa do site de empregos Catho. De acordo com o Guia Salarial 2014/15 da Hays, 77% das empresas brasileiras consideram o domínio de uma língua estrangeira importante para seu setor.

Surpresa

Muitas vezes não há aviso prévio sobre a entrevista em outro idioma. Foi o que aconteceu com a estudante de Engenharia Química Carolina Santos Lima, de 22 anos. Um ano antes de concluir o curso de inglês, Carolina começou a candidatar-se para vagas que exigiam o idioma e, em sua primeira entrevista, foi surpreendida pelo pedido da recrutadora para conversarem em inglês. “O que dificultou foi o nervosismo, mas aos poucos me soltei e acabei me saindo bem”, conta.

Depois da surpresa, a estudante passou a se preparar para as entrevistas seguintes. Hoje, estagiária em uma multinacional dinamarquesa, Carolina utiliza o inglês diariamente, passou a estudar espanhol e pretende ainda fazer cursos de aperfeiçoamento de linguagem técnica e de negócios. “Conhecendo um novo idioma você abre portas pra qualquer lugar no mundo e consegue se comunicar independente de fronteiras”, avalia.

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Preparação

Segundo Rodrigo Soares, diretor de marketing da Hays, especializada em recrutamento para cargos gerenciais, é importante que o candidato não espere a entrevista para testar sua habilidade no idioma. Uma alternativa é falar com estrangeiros que venha a conhecer, ou participar de grupos de conversação que muitas vezes se encontram em bares ou são promovidos pelas próprias escolas. “O ideal é ganhar segurança em um ambiente informal, para garantir desenvoltura durante a entrevista”, diz ele. Para Soares, ainda que mais importante que não cometer erros é não ter medo de se expor.

Alguns erros comuns dos candidatos são a construção de frases conforme a estrutura do português, o uso da linguagem coloquial e também o desconhecimento de termos técnicos da área na qual se pretende atuar. Para evitar esses e outros deslizes, a dica de Elvio Peralta é simular a entrevista com um professor ou amigo com domínio avançado e gravá-la em áudio. “Ao ouvir-se falar, o candidato identifica os próprios erros e fica mais ciente dos pontos que precisa trabalhar”, recomenda. Outra sugestão dele é a leitura de jornais e revistas na língua estrangeira, para mostrar-se atualizado e dominar termos específicos da sua área.