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Mães no trabalho

Essas empresas souberam acolher suas profissionais mães. E todo mundo saiu ganhando

Vitor, de um ano, é o segundo filho da analista Lia Koser a aproveitar os cuidados do berçário da Embraco. | Foto: André Kopsch/Embraco
Vitor, de um ano, é o segundo filho da analista Lia Koser a aproveitar os cuidados do berçário da Embraco. (Foto: Foto: André Kopsch/Embraco)

O retorno ao trabalho após a maternidade é um momento delicado para a maioria das mulheres.Após meses de convívio integral e cuidados intensos com a cria, é difícil desapegar e delegar esta função tão importante a outras pessoas. Mas essa separação entre mãe e filho costuma ganhar novas cores quando a empresa vai além das exigências legais e cria outros mecanismos para acolher a profissional na sua nova condição de mãe.

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Ainda há bastante para avançar neste quesito, mas, aos poucos, os bons exemplos começam a se multiplicar no mercado de trabalho. A Embraco é um deles. Integrante do Empresa Cidadã (programa da Receita Federal que visa estender a licença obrigatória de 120 dias em mais 60 dias), a multinacional criou, em 1991, um berçário na sua fábrica em Joinville (SC).

O objetivo do espaço é proporcionar tranquilidade às mães e proximidade com seus filhos, facilitando a amamentação, explica a gerente sênior de Recursos Humanos da Embraco, Adriana Horbatiuk. Como a empresa percebeu que algumas colaboradoras pediam demissão para se dedicarem por mais tempo aos bebês, buscou uma solução que possibilitasse o equilíbrio entre os papéis de mãe e profissional. A ação, aparentemente simples, teve um grande impacto no bem estar dessas profissionais.

Analista na área de novos negócios da Embraco, Lia Koser conta que ficou dividida entre a maternidade e carreira profissional após a chegada do primeiro filho, Pedro, hoje com dois anos e dez meses, mas o Berçário Embraco foi definitivo para a sua escolha de continuar trabalhando. Deu tão certo que Lia acabou usufruindo do benefício novamente com a chegada do caçula. “Desde os sete meses de idade, Vitor fica no berçário que funciona dentro da empresa. Até ele completar um ano eu ia todos os dias amamentá-lo. Era um momento só nosso, de amor, proteção”, lembra.

O benefício também atende pais que são funcionários da companhia. “Além disso, a empresa oferece às colaboradoras o programa Gestação Segura, que acompanha a funcionária do início da gravidez até o retorno ao trabalho, com cursos e orientações”, acrescenta Horbatiuk.

Segredo é balancear as necessidades das mães e a carga de trabalho

Nem todas as empresas comportam uma estrutura como a da Embraco, mas existem alternativas para dar mais sossego às mães, independentemente do porte da companhia. “Uma empresa de grande porte pode criar uma atividade de contraturno com ações pedagógicas para que as funcionárias saibam que seus filhos estão seguros ou, então, apresentar [opções de] planos de saúde”, sugere a coach de carreira Cibele Nardi. Ela acredita que em empresas menores, apesar de as possibilidades serem mais limitadas, pode haver acordos entre empregador e empregado que flexibilizam a jornada, por exemplo.

Essa foi uma das iniciativas adotadas pela Mondelēz, multinacional do setor alimentício, que também oferece licença-maternidade de 180 dias, auxílio creche e isenção do convênio médico para as gestante e para o bebê em seu primeiro ano de vida.

Kely Oliveira, gerente de finanças da planta de Curitiba, tem aproveitado os benefícios que já contemplaram mais de 3,5 mil profissionais desde 1991. Seu filho Enzo, de seis meses, foi internado na UTI pouco depois do nascimento. Para a mãe, o plano de saúde empresarial e o suporte da equipe de recursos humanos lhe permitiram focar integralmente na recuperação do bebê. “Atualmente, posso trabalhar em home office e, além disso, meus companheiros de trabalho são super cuidadosos e compreensivos com os horários de trabalho flexíveis”.

Lideranças femininas têm mais empatia com a maternidade

A criação de políticas empresariais focadas na maternidade é diretamente influenciada pela presença de mulheres em cargos de gestão. Na Mondelēz, por exemplo, 40% das posições de liderança são ocupadas por mulheres. Outro exemplo de forte presença feminina no alto escalão é o do Magazine Luiza, em que os números chegam a 48%.

Entre os maiores varejistas do Brasil, a companhia tem programas como o Bebê à Vista, por meio do qual as grávidas recebem materiais informativos, desconto nos produtos da linha bebê, isenção da coparticipação no convênio médico durante a gestação, além do Cheque-Mãe, que garante um bônus de R$ 250 mensais para todas as mães com filhos de até 11 anos –hoje, 3.752 mulheres recebem o benefício.

“Quando você entende que sua companhia busca a igualdade e a equiparação de oportunidades, tentando tornar o mundo corporativo mais justo e honesto para as pessoas, você se engaja e se sente motivado a defender a causa”, afirma a diretora-executiva de Gestão de Pessoas do Magazine Luiza, Patrícia Pugas.

A coach Cibele argumenta que as gestoras tendem a conhecer melhor os anseios de outras profissionais. “Uma mulher tem a capacidade de compreender melhor a outra. Ocorre mais sensibilidade, mais empatia, quando as mulheres estão em cargos de gestão”.

Todo mundo sai ganhando

Como num efeito em cadeia, essas ações não afetam apenas as profissionais diretamente beneficiadas por elas. “Promovemos o bem-estar de nossos colaboradores oferecendo um ambiente de trabalho flexível, propício para aprendizagem, inovação e criatividade”, assegura a diretora de Recursos Humanos da Mondelēz no Brasil, Cláudia Gomes. “Nossas funcionárias mães são grandes exemplos de empregados que valorizam esta flexibilidade. De certa forma, [as iniciativas] reforçam ainda mais a relação de confiança entre a empresa e os empregados e vice-versa”.

A Embraco também acredita que isso gera cumplicidade e que o seu berçário tem um impacto nas conquistas da empresa, impulsionando talentos. “Ao saberem que seus filhos estão próximos, integrados à sua rotina e bem assistidos, os profissionais produzem com mais tranquilidade e foco”.

Licença-paternidade também ajuda as mães

Em março de 2016, a então presidente Dilma Rousseff sancionou uma lei que aumenta a licença-paternidade de cinco para 20 dias. Porém, apenas profissionais de empresas filiadas ao programa Empresa Cidadã têm direito ao benefício. O programa já dava isenção de impostos a empresas que ampliassem a licença- maternidade obrigatória em 60 dias

Efetiva desde janeiro, a medida possibilita uma maior participação dos pais nas primeiras semanas de vida de seus filhos. Assim como no caso da licença-maternidade, a ampliação vale também para quem adota uma criança.

“É importante que o pai se envolva”, afirma a coach de Carreira Cibele Nardi, que acha que esse apoio faz toda a diferença. “Quando divide-se a carga de trabalho, a mulher tem mais tranquilidade para cuidar do seu trabalho e tende a cuidar melhor de outras áreas da vida”.

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