Reconhecimento
A confiança de colegas e gestores faz toda a diferença
Há cerca de seis meses estagiando na Brose do Brasil, a estudante do último ano de Engenharia Ambiental, Sarah Lima Paralovo, de 22 anos, se sente como se fosse uma funcionária efetiva da empresa, tamanha a confiança demonstrada por colegas e gestores no seu trabalho. "A gente chega à empresa meio perdido. Temos a capacidade, mas às vezes não dispomos das ferramentas", diz ela. A Brose foi o seu primeiro contato com o mundo profissional corporativo. Até então, Sarah já havia tido experiência com a área acadêmica e de consultoria. Agora, com a experiência na empresa, ela se sente mais preparada para o mercado. "Aqui eu faço atividades condizentes com o meu desenvolvimento profissional e tenho responsabilidades reais", diz Sarah.
Vida real
Estágio põe estudantes em sintonia com o dia a dia do mercado
Estudante do quarto ano de Engenharia Civil da UFPR, Luciano Ribeiro Alves, começou um estágio na VCCON Engenharia em maio deste ano e se surpreendeu com a distância entre o aprendizado da universidade e as práticas e necessidades do mercado. "A um ano da minha formatura, eu encontrei dúvidas e dificuldades bastante elementares, mas o estágio tem superado as minhas expectativas", diz o estudante. "Tenho autonomia para fazer meu trabalho, mas isso não significa que posso fazer o que eu quero na hora que eu quero", ressalta. Alves foi um dos 438 estudantes que responderam a pesquisa do IEL e foi o vencedor do concurso cultural que dava um smartphone para o autor da melhor frase para a pergunta "O que um estágio precisa ter para ser a sua cara?".
Mais que boa remuneração e benefícios, os estagiários estão atrás de espaço para aplicar os conhecimentos apreendidos em sala de aula e oportunidades de desenvolver habilidades profissionais. É o que mostrou uma pesquisa on-line do Instituto Euvaldo Lodi (IEL), ligado à Federação das Indústrias do Paraná (FIEP), feita com 438 universitários entre julho e agosto deste ano. Mais da metade dos estudantes têm entre 20 e 25 anos.
INFOGRÁFICO: Confira o resultado da pesquisa do IEL sobre estágios
Para 84% dos estudantes que responderam a pesquisa "O que um estágio precisa ter para ser a sua cara?", a chance de pôr em prática os conhecimentos da área de formação e um ambiente receptivo a novas ideias são imprescindíveis em um programa de estágio. Outros 12% acreditam que o acesso a pessoas capazes de inspirar profissionais em formação é o aspecto mais importante, e apenas 1% priorizam bons salários e benefícios.
"Foi-se o tempo em que apenas as tarefas menos importantes dentro das empresas eram destinadas aos estagiários e que eles eram vistos como "mão de obra" barata", diz o gerente executivo do Instituto Euvaldo Lodi (IEL) no Paraná, Eduardo Vaz. Cada vez mais, as empresas estão se beneficiando desse novo perfil proativo dos estudantes.
Segundo a pesquisa, a empresa dos sonhos de 58% dos estagiários oferece oportunidade para que eles se desenvolvam profissionalmente. Melhor ainda se houver a possibilidade de ser efetivado: para 19% dos respondentes a empresa ideal para experimentar o mercado de trabalho é aquela que dá a chance de crescer na carreira.
Vaz explica que as empresas preferidas dos estudantes para fazer estágio, segundo a pesquisa, são aquelas que possuem programas estruturados com processo de seleção e acompanhamento de líderes e gestores. Não é à toa que a maioria das empresas citadas é companhia de grande porte que atua na região de Curitiba e região metropolitana como Volvo, Renault, Bosch, Boticário e Votorantim.
Alerta
Pequenas, médias ou grandes, as empresas que não possuem programas de estágio estão um passo atrás na disputa por bons profissionais. Segundo Vaz, ao contrário do que pensam muitas companhias, montar um programa de estágio exige mais disposição do que investimento. "O primeiro passo é conhecer a legislação específica do estágio. É crescente o número de empresas em busca de capacitação para para que os gestores estejam preparados para receber estudantes", diz o gerente do IEL.