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Maria Christina de Andrade Vieira

“Eu pensei que...”

Conheci um profissional que para tudo tinha uma desculpa. Nada era possível por uma razão ou por outra, tudo lhe parecia difícil e cada vez que lhe solicitavam algo, prometia fazer - e qualquer um acreditaria -, porém nada acontecia. No início ele afirmava com segurança, firmeza e tranqüilidade que poderia cumprir certas ações. Depois... o projeto ficava esquecido na caixinha de entrada, o telefonema se perdia no tempo, a anotação ia para o lixo amassada...

E assim ia, de cargo em cargo, de empresa em empresa, enrolando a todos o tempo todo, mas sem perceber que o mais enrolado era ele mesmo, pois não ficava muito tempo em lugar nenhum. Curiosamente conseguia empurrar... e convencer contratantes que era bom no que fazia. Resultados, nada!

Nas experiências profissionais fui aprendendo algumas coisas com aqueles que estão à frente no fazer acontecer. São pessoas que parecem se deixar conduzir por lemas como: "Não interprete... faça". São perfis que tomam decisão rápido porque têm direção certa e não costumam interpretar. Fazem. Executam. Agem. Decidem.Sabem o que querem e onde querem chegar. Sabem como e quanto podem gastar.

Pessoas vacilantes são mais reservadas e têm muita dificuldade na tomada de decisões. Diante de cobranças iniciam frases com: "Eu pensei, eu achei..." que tendem a frustrar o outro. É comum ouvirem: "Você não está aqui para pensar, mas para fazer". Ou ainda: "Não pense e nem ache, faça" .

Outro hábito que mostra a personalidade da pessoa é a conjugação do verbo num futuro "indeciso". Quando lhe pedem algo vai logo dizendo: "Eu vou..." e esse "eu vou" pode ser telefonar, visitar, enviar algo, fazer um favor, emprestar um livro, fazer uma ação qualquer dentro de uma empresa. "Eu vou..." Invariavelmente não vai a lugar nenhum. "Quem vai..." faz acontecer na hora. Pega o livro, telefona e resolve, liga para alguém e autoriza algo específico, sempre na frente de quem pede, nunca depois.

O "enrolado" olha o outro de forma gentil, sorriso nos lábios, e delicadamente o leva até a porta... prometendo sempre. Esse é o dia-a-dia das empresas, dividido entre quem protela e quem agiliza. Como é que contratantes não identificam os que disfarçam o próprio currículo? Como não percebem quem se auto-engana? Julgamentos à parte, o mercado que aí está não considera "achismos" nem "rolos". O melhor é encontrar o lugar certo para cada tipo de profissional. Poupa tempo, dinheiro e energia.

Maria Christina de Andrade Vieira, empresária e escritora, autora de Herança (Ed.Senac-SP), Cotidiano e Ética: crônicas da vida empresarial (ed. Senac-SP).chris@onda.com.brwww.andradevieira.com.br

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