Curitiba As duas campanhas publicitárias para o referendo do dia 23 de outubro sobre a proibição ou não do comércio de armas e munições no Brasil diferem tanto no conteúdo, ou na falta dele, quanto no formato, mais simples e modesto, das propagandas políticas que o brasileiro está acostumado a assistir. Nada que lembre as superproduções que se tornaram uma regra no país nas últimas eleições.
Para o engenheiro civil e advogado Wellington Dalmaz, o problema das campanhas está na argumentação.
"A propaganda, das duas frentes, usa argumentos muito básicos, óbvios, sempre tentando esconder o outro lado. Eu estava indeciso. Decidi o meu voto depois de ler um artigo em um jornal. As informações têm vindo mais da imprensa do que da própria propaganda, que traz alegações primárias", diz.
Tristeza e certeza
Em alguns casos, porém, são as experiências pessoais que acabam definindo a opção. A empregada doméstica Lindacir Maria de Paula, moradora do bairro Umbará, assiste ao horário eleitoral gratuito ao lado da filha Mariciane. As duas mudaram de opinião em relação ao referendo, mas não foi depois de assistir aos programas, e sim após uma tragédia familiar. Há uma semana Lindacir teve o filho Jonathan assassinado no bairro onde a família mora.
O autor dos disparos, um adolescente de 17 anos, agiu motivado por ciúmes da namorada Jonathan teria mexido com a moça e está foragido. "Acredito no que dizem as propagandas, de que os bandidos vão continuar armados, mas mesmo assim prefiro o desarmamento", diz Lindacir.
Na casa da auxiliar de escritório Maria dos Anjos, moradora de Colombo, na região metropolitana da capital, a propaganda eleitoral não despertou muito interesse. A opinião de todos na família em relação ao referendo é que não se deve tirar o direito de quem quer ter armas. "Quem garante que desarmando a população os bandidos também serão desarmados?", questionam.