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Após ultrapassar a fase de pesquisa e elaboração da tese de mestrado ou doutorado, a apresentação do trabalho de pós-graduação para a banca examinadora é um novo desafio a ser vencido. Para muitos alunos, essa é uma das etapas mais difíceis, principalmente para aqueles que morrem de medo de falar em público. A grande maioria teme que os anos dedicados à realização da tese venham por água abaixo com a má apresentação.

Não são poucos os que sentem aquele "friozinho" na barriga só de pensar em se apresentar para uma grande platéia. Uma pesquisa realizada com três mil norte-amercianos pelo jornal "Sunday Times" mostrou que falar em público é o que gera mais medo nas pessoas, com 41% das respostas. Depois vem o medo de altura, com 32%, e o medo de insetos, fobia compartilhada por 22% dos entrevistados.

O professor Ricardo Farah, da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e do Instituto Brasileiro de Mercado e Capitais (IBMC), ambas de São Paulo, defende a tese de que as pessoas não têm medo de falar, o medo maior é o da rejeição, de não serem aceitas, de serem excluídas. "Numa sociedade competitiva, ao falar em público a pessoa sabe que será avaliada; ela vai se expor e fica com medo de ser criticada e de denegrir sua imagem".

Na opinião de André Robic, professor dos cursos de Marketing e Gerência Nacional de Vendas do Mackenzie, de São Paulo, o medo sempre existe mas diminui se o apresentador estiver bem preparado. "Por mais experiência que a pessoa tenha, muitos ainda continuam com um certo medo. Se você sabe que está bem preparado o medo acaba diminuindo. Esse medo, de certa forma, é saudável, pois demonstra que o apresentador tem responsabilidade com o assunto que será abordado".

Outra maneira de se sentir melhor, segundo Robic, é fixar os olhos naquelas pessoas com quem o apresentador teve empatia. "Quando vemos pessoas vibrando com o que estamos falando, essa empatia nos transmite uma boa energia e faz nos sentirmos melhor". A segurança aumenta também ao checar todos os recursos audiovisuais que serão usados. "É sempre bom passar antes na sala e checar se o som e outros equipamentos estão em ordem e funcionando", complementa.

Aproveitar oportunidades

Para a fonoaudióloga Cida Stier, mestre em distúrbios da comunicação e especialista em voz, geralmente a preocupação com a apresentação de pós-graduação é tardia. "Quem está cursando uma pós não deve perder uma só oportunidade de falar em público, seja com a família, com os amigos ou no trabalho", aconselha.

Cida lembra que o diferencial é tornar interessante um assunto a ser abordado. "A apresentação deverá ser agradável para quem está ouvindo. Parece óbvio, mas a preparação do material é fundamental. Um trabalho bem estruturado e com bom conteúdo fará a diferença. É preciso organizar o assunto com começo, meio e fim e a forma como ele será apresentá-lo".

Muitos costumam pecar, segundo a fonoaudióloga, por se preocuparem apenas com o meio do trabalho. "Na introdução, é preciso dar o objetivo que será tratado e ter persuasão para convencer o público a ter o mesmo pensamento que o seu. Quanto maiores a assertividade e o entusiasmo do apresentador maior será o envolvimento do público. Também a conclusão deverá ser um fechamento de tudo aquilo se falou para que se tenha sentido na cabeça do outro".

Obrigação do profissional

Cida Stier lembra que hoje falar bem não é mais uma necessidade e sim uma obrigação de todo profissional. "A comunicação deve andar lado a lado com a confiança. Mas um certo nervosismo no início da apresentação é até positivo, porque demonstra comprometimento com o público e com o assunto a ser tratado", explica ela, lembrando que a maior parte do nervosismo não é visível.

"Que o momento da apresentação dê a dimensão de todo o esforço que o aluno teve durante os anos dedicados à pesquisa, que ela (a apresentação) deixe registrado todo o seu comprometimento com o assunto e que retrate o quanto ela é valiosa para quem a fez", finaliza.

Para aqueles que precisam falar em público, a fonoaudióloga dá algumas dicas:

- Sempre se prepare para falar. Muitos acabam falando mal porque não se prepararam e foram negligentes com a apresentação.

- Procure manter a calma para se concentrar no que irá falar.

- Organize o pensamento de maneira lógica e aborde o assunto da maneira mais interessante possível;

- Perceba a relação entre corpo e a voz e crie o seu próprio estilo.

- Pronuncie bem as palavras.

- Não fale nem alto nem baixo. Fale com ritmo, alternando a velocidade e a intensidade da fala.

- Mantenha uma postura com o corpo, para que os gestos ocorram de forma natural.

- Não procure nenhum tipo de "muleta" como canetas ou outros recursos que possam desviar a atenção da platéia.

- Escolha a roupa certa. É preciso ter bom senso na hora da escolha.

- Olhe naturalmente nos olhos das pessoas. Isso torna a fala mais verdadeira.

"O falar deve ser uma atividade que relate aquilo que você é, o que você pensa e o que você faz", conclui a fonoaudióloga.

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