Muitos cientistas sociais afirmam que a economia em baixa ajudou a manter o sistema ultrapassado de empregos. Uma pesquisa on-line feita por estudantes da Universidade Meiji com jovens entre 18 e 22 anos constatou que dois terços deles acreditam que os jovens japoneses não assumem riscos ou enfrentam novos desafios; em vez disso, eles se tornaram uma geração de "introvertidos", satisfeitos ou resignados a viver uma vida sem ambição.

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Talvez em nenhum lugar as barreiras sejam tão evidentes. As consequências para a economia japonesa são terríveis, como acontece com o empreendedorismo. O país tinha apenas 19 ofertas públicas em 2009, em comparação com 66 nos Estados Unidos, de acordo com uma pesquisa da Next Co. de Tóquio.

O mais revelador é que, no Japão, mesmo os empreendedores são geralmente mais velhos. Segundo o Ministério do Comércio, em 2002 apenas 9,1% dos empresários japoneses tinham vinte e poucos anos, em comparação com 25% nos Estados Unidos. "O Japão tornou-se um jogo de soma zero", afirma Yuichiro Itakura, que resolveu escrever um livro sobre sua experiência frustrada de empreendedorismo na internet. "Aqueles que dominam o mercado temem que um jovem recém-chegado os trapaceie, então eles não fazem negócios com ele", explica Yuichiro.

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Inovação

Muitos políticos e economistas japoneses têm falado em promover iniciativas de negócios como o melhor remédio para os males da economia japonesa. Esta é uma ideia que conta com um precedente histórico: quando o país se reergueu das cinzas após a Segunda Guerra Mundial, foi criada uma série de empresas inovadoras, capazes de derrubar toda a indústria global. Porém, boa parte da população acredita que a economia japonesa tenha estacionado depois de seus dias de glória e que o país hoje produz pouca ou nenhuma inovação.

Para entender melhor o porquê, muitos citam o destino de um dos mais conhecidos magnatas da internet, Takafumi Horie. Quando explodiu no cenário nacional no início da década passada, Horie era um homem de negócios de perfil bem diferente do que se espera de um japonês: um jovem irrequieto de 30 anos, que usava camisetas em salas de reuniões, e violava as regras descaradamente através de aquisições hostis. Ele viveu em uma época na qual a economia parecia finalmente estar se recuperando. Horie foi preso há cinco anos, acusado de fraude com valores mobiliários, e a mídia aproveitou para transformá-lo em um símbolo do capitalismo sujo, permissivo e repugnante, ao estilo norte-americano.

Mas Horie continua sendo uma figura subversiva e popular no Japão. No momento, ele luta contra as acusações no tribunal, tem mais de meio milhão de seguidores no Twitter – mais do que o primeiro-ministro – e incentiva publicamente as pessoas a desafiarem o sistema. "Horie é o que temos mais próximo de um modelo a seguir", afirma Noritoshi Furuichi, um estudante de 25 anos da Universidade de Tóquio, que escreveu um livro sobre como os jovens japoneses conseguem permanecer felizes enquanto perdem a esperança. "Ele representa a luta entre o antigo e o novo Japão", acrescenta ele.

Furuichi diz que os jovens japoneses não reagem com raiva ou protestos. Eles se culpam e abandonam os estudos ou se resignam, tentando encontrar satisfação em horizontes ainda mais limitados do que os de seus pais. Segundo os políticos mais jovens, é difícil mobilizar os estudantes para que se interessem pela política, o que os coloca em desvantagem ainda maior.

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