RIO - A inflação registrada no Brasil em 2004 (7,7%) foi a mais alta entre os países incluídos numa pesquisa inédita que compara a variação de preços nos quatro países do Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai), mais o Chile, país associado. O Índice de Preços ao Consumidor Harmonizados (IPCH) foi divulgado simultaneamente nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e pelos órgãos estatíticos oficiais dos países em questão.
O IPCH é o primeiro passo da integração das informações estatísticas de países da região e pode, no futuro, servir de referência a empresas para o reajuste de preços, além de poder balizar políticas públicas comuns. Esse seria um passo fundamental, por exemplo, caso os países do Mercosul e o Chile quisessem criar uma moeda unificada ou políticas monetária, fiscal e de metas de inflação comuns.
- O índice nasceu na necessidade de se harmonizar os dados e é a primeira etapa da integração do sistema estatítico da região. Agora podemos comparar a inflação desses países - disse o presidente do IBGE, Eduardo Pereira Nunes.
A partir de agora, o IPCH será divulgado trimestralmente por todos os órgãos. Os resultados serão tornados públicos todos os dias 14 do mês seguinte ao fechamento de um trimestre, ou seja, em janeiro, abril, julho e outubro. No próximo dia 14 de outubro, serão divulgados os resultados até o primeiro semestre de 2005.
Entre janeiro de 1999 e dezembro de 2004, o IPCH acumulado no Brasil (60,2%) foi o segundo maior entre os países pesquisados. A maior variação de preços foi registrada no Uruguai (66,3%). Já a menor (17,8%), ficou com o Chile, que mostrou uma estabilidade de preços muito maior do que seus vizinhos. O Paraguai (56,1%) e a Argentina (51,42%) ficaram logo atrás do Brasil.
Por aqui, a maior alta de preços entre 2000 e 2004 veio do setor de comunicações (79,0%), seguido por alimentos e bebidas não-alcoólicas (60,5%), produtos com forte peso no bolso do consumidor de baixa renda. Apesar disso, os consumidores brasileiros foram os que, comparativamente, usaram um percentual menor (17,7%) de sua renda com alimentos e bebidas. Os argentinos, por exemplo, gastaram 25,2% do orçamento com esses itens.
Os gastos com transportes foram os que mais pesaram no bolso dos brasileiros entre 2000 e 2004. Um quinto (20,5%) do orçamento da família brasileira foi gasto com transportes, a maior proporção entre os cinco países. No Chile, por exemplo, o percentual foi de 13,3%.
O IBGE ressalta que as comparações têm como base as pesquisas de orçamento familiar de cada país e ressalva que pode haver alguma imprecisão no confronto por causa das datas diferentes da divulgação delas.
O estudo foi feito em parceria com órgãos de estatística oficiais de cada um dos países participantes. A metodologia segue o manual da Organização Internacional do trabalho (OIT) e a experiência do órgão estatístico da União Européia, a Eurostat . No caso do Brasil, o IPCH foi calculado com base nas informações do IPCA do IBGE.
Foi criado um padrão único para que os dados pudessem ser comparados entre si. Por exemplo, o item bicicleta, que no IPCA brasileiro fica no grupo "Recreação", passou para o grupo "Transportes" no IPCH. Alguns itens, como serviços médicos, jogos de azar e seguros ficaram de fora da pesquisa neste primeiro momento por causa da dificuldade de se hamonizar diferenças metodológicas na coleta desses dados.
A publicação é bilíngüe e, fora do Brasil, o índice será chamado de IPCA, sigla para "Índices de Precios al Consumidor Armonizados".
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