A Universidade Estadual de Londrina (UEL) passou por um momento especial esta semana. Um índio nascido no Mato Grosso do Sul (MS) superou a discriminação e defendeu sua tese de dourado na área de Agronomia no último dia 22 de fevereiro. Rogério Ferreira da Silva, de 37 anos, se formou agrônomo pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e também tem Mestrado em Ciências do Solo.
Rogério defendeu o trabalho "Biofuncionamento e sustentabilidade de solo em diferentes agroecossistemas no estado do Mato Grosso do Sul". "Aqui ele foi tratado com muita admiração e o trabalho que ele fez foi muito bom, de altíssimo nível", conta a orientadora do projeto na UEL, professora Maria de Fátima Guimarães. Segundo a orientadora, o fato de o projeto já ser trabalhado pela Embrapa, o ajudou bastante. "Ele já tinha parte do experimento instalado", afirma.
O projeto de Rogério tem por objetivo minimizar os impactos sofridos pelo solo pela ação dos agricultores. "O solo tem vida, organismos e microorganismos, e quem faz o funcionamento são eles. Numa floresta eles estão em equilíbrio. Quando se mexe com essa floresta provoca o desequilíbrio", explica o novo doutor.
O agrônomo tem consciência de que não é possível salvar inteiramente o solo e alcançar as condições naturais. "Mas a intenção é chegar bem próximo disso", diz. Segundo a pesquisadora da Embrapa Agrobiologia (Rio de Janeiro), Adriana Aquino, quem pensou no projeto antes de ele ser transformado em uma tese de doutorado, "ele superou as expectativas. Cada vez que a gente dava uma tarefa ele a apresentava cada vez melhor", conta. De acordo com Adriana, "Rogério é uma pessoa interessante e se orgulha de ser índio, não esconde as suas origens".
Rogério contou ainda com a co-orientação do professor Fábio Martins Mercante, da Embrapa Agropecuária Oeste (MS).
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